Texto Áureo:
Jr 29.7 “Procurai
a paz da cidade para onde vos fiz transportar; e orai por ela ao SENHOR, porque,
na sua paz, vós tereis paz.”
I.
DEFINIÇÃO DE PAZ.
A palavra hebraica
para “paz” é shalom. Denota muito mais do que a ausência de guerra e conflito.
O significado básico de shalom é harmonia, plenitude, firmeza, bem-estar e
êxito em todas as áreas da vida.
(1) Pode
referir-se à tranquilidade nos relacionamentos internacionais, tal como a paz
entre as nações em guerra (e.g., 1Sm 7.14; 1Rs 4.24; 1Cr 19.19).
(2) Pode
referir-se, também, a uma sensação de tranqüilidade dentro de uma nação durante
tempos de prosperidade e sem guerra civil (2Sm 3.21-23; 1Cr 22.9; Sl 122.6,7).
(3) Pode ser
experimentada com integridade e harmonia nos relacionamentos humanos, tanto
dentro do lar (Pv 17.1; 1Co 7.15) quanto fora (Rm 12.18; Hb 12.14; 1Pe 3.11).
(4) Pode
referir-se ao nosso senso pessoal de integridade e bem-estar, livre de
ansiedade e em paz com a própria alma (Sl 4.8; 119.165; cf. Jó 3.26) e com Deus
(Nm 6.26; Rm 5.1).
(5) Finalmente,
embora a palavra shalom não seja empregada em Gn 1—2, ela descreve o mundo
originalmente criado, que existia em perfeita harmonia e integridade. Quando
Deus criou os céus e a terra, criou um mundo em paz. O bem-estar total da
criação reflete-se na breve declaração: “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e
eis que era muito bom” (Gn 1.31).
II.
A INTERRUPÇÃO DA PAZ.
Quando Adão e Eva
deram atenção à voz da serpente, e comeram da árvore proibida (Gn 3.1-7), sua desobediência
introduziu o pecado e se interrompeu a harmonia original do universo.
(1) Naquele
momento, Adão e Eva experimentaram, pela primeira vez, culpa e vergonha diante
de Deus (Gn 3.8), e uma perda da paz interior.
(2) O pecado de
Adão e Eva no jardim do Éden destruiu seu relacionamento harmonioso com Deus.
Antes de comerem daquele fruto, tinham íntima comunhão com Deus (cf. 3.8), mas
depois esconderam-se “da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim”
(Gn 3.8). Ao invés de sentirem anelo pela conversa com Deus, agora tiveram medo
da sua voz (Gn 3.10).
(3) Além disso,
interrompeu-se o relacionamento harmonioso entre Adão e Eva como marido e mulher.
Quando Deus começou a falar-lhes a respeito do pecado que haviam cometido, Adão
lançou a culpa em Eva (Gn 3.12), e Deus declarou que a rivalidade entre o homem
e a mulher continuariam (Gn 3.16). Assim começou o conflito social que agora é
parte integrante das difíceis relações humanas, desde as discussões e a violência
no lar (cf. 1Sm 1.1-8; Pv 15.18; 17.1), até os conflitos e guerras
internacionais.
(4) Finalmente, o
pecado interrompeu a harmonia e a unidade entre a raça humana e a natureza. Antes
de Adão pecar, trabalhava alegremente no jardim do Éden (Gn 2.15), e andava
livremente entre os animais, dando nome a cada um (Gn 2.19,20). Parte da
maldição divina após a queda envolvia a inimizade entre a serpente e Adão e Eva
(Gn 3.15), bem como uma nova realidade: o trabalho produziria suor e labuta (Gn
3.17-19). Antes havia harmonia entre a raça humana e o meio-ambiente, agora
luta e conflito de modo que “toda a criação geme e está juntamente com dores de
parto até agora” (ver Rm 8.22 nota).
A
RESTAURAÇÃO DA PAZ.
Embora o resultado
da queda fosse a destruição da paz e do bem-estar para a raça humana, e até
mesmo para a totalidade do mundo criado, Deus planejou a restauração do shalom;
logo, a história da reconquista da paz é a história da redenção em Cristo.
(1) Tendo em vista
que Satanás deu início à destruição da paz no mundo, o restabelecimento da paz
deve envolver a destruição de Satanás e do seu poder. Por isso, muitas das
promessas do AT a respeito da vinda do Messias eram promessas da vitória e paz
vindouras.
Davi profetizou
que o Filho de Deus governaria as nações (Sl 2.8,9; cf. Ap 2.26,27; 19.15).
Isaías vaticinou que o Messias reinaria como o Príncipe da Paz (Is 9.6,7).
Ezequiel predisse que o novo concerto que Deus se propôs estabelecer através do
Messias seria um concerto de paz (Ez 34.25; 37.26). E Miquéias, ao profetizar o
nascimento em Belém do rei vindouro, declarou: “E este será a nossa paz” (Mq 5.5).
(2) Por ocasião do
nascimento de Jesus, os anjos proclamaram que a paz de Deus acabara de chegar à
terra (Lc 2.14). O próprio Jesus veio para destruir as obras do diabo (1Jo 3.8)
e para romper todas as barreiras de conflito que tomasse parte da vida a fim de
fazer a paz (Ef 2.12-17). Jesus deu aos discípulos a sua paz como herança
perpétua antes de ir à cruz (Jo 14.27; 16.33). Mediante a sua morte e ressurreição,
Jesus desarmou os principados e potestades hostis, e assim possibilitou a paz
(Cl 1.20; 2.14,15; cf. Is 53.4,5). Por isso, quando se crê em Jesus Cristo, se
é justificado mediante a fé e se tem paz com Deus (Rm 5.1). A mensagem que os
cristãos proclamam são as boas-novas da paz (At 10.36; cf. Is 52.7).
(3) Apenas saber
que Cristo veio como o Príncipe da Paz não garante que a paz se tornará
automaticamente parte da vida; para experimentar a paz há que se estar unido
com Cristo numa fé ativa. O primeiro passo é crer no Senhor Jesus Cristo.
Quando assim faz, a pessoa é justificada pela fé (Rm 3.21-28; 4.1-13; Gl 2.16)
e assim tem paz com Deus (Rm 5.1). Juntamente com a fé, deve-se andar em
obediência aos mandamentos divinos a fim de viver-se em paz (Lv 26.3,6).
Os profetas do Antigo
Testamento declaram frequentemente que não há paz para os ímpios (Is 57.21;
59.8; Jr 6.14; 8.11; Ez 13.10, 16). A fim de que os crentes conheçam sua paz
perpétua, Deus lhes tem dado o Espírito Santo, que começa a operar em nós um
aspecto do fruto, que é a paz (Gl 5.22; cf. Rm 14.17; Ef 4.3). Com a ajuda do
Espírito, deve-se orar pedindo a paz (Sl 122.6,7; Jr 29.7; ver Fp 4.7 nota),
deixar que a paz governe o coração (Cl 3.15), buscar a paz e segui-la (Sl
34.14; Jr 29.7; 2Tm 2.22; 1Pe 3.11), e esforçar-se por viver em paz com o
próximo (Rm 12.18; 2Co 13.11; 1Ts 5.13; Hb 12.14).