Entre os
pentecostais, o batismo em águas é considerado uma ordenança deixada por Cristo
à igreja ao lado da Santa Ceia. Evita-se o uso do termo sacramento, aplicado ao
batismo em águas como forma de não confundir-se com o que é ensinado pela
Igreja Católica a respeito dos sacramentos.
Há quem utilize os
termos ordenança e sacramento de modo sinônimo, sem a conotação a eles
atribuída pelo Catolicismo romano. Contudo, se analisarmos o significado
verdadeiro do batismo em águas, poderemos entender que a aplicação dos termos
não é só terminológica, mas sobretudo teológica.
Certamente, cada
igreja ou grupo evangélico há de optar pelo termo que melhor expresse o
entendimento bíblico e teológico que tem do ato batismal. A fim de entendermos
o assunto, desejamos abordar alguns aspectos bíblicos e históricos, tanto dos
sacramentos quanto do batismo em águas.
O
SIGNIFICADO DO SACRAMENTO
Segundo Horton (p.
568), o termo "sacramento" (que provém de sacramentum, em latim) é
mais antigo e aparentemente de uso mais generalizado que o termo
"ordenança".
Na verdade, a
palavra "sacramento" não existe nas Bíblia. Sua origem é bem estranha
às Escrituras. Nos tempos antigos, referia-se a uma certa quantia, depositada
em dinheiro, perante o tribunal, por duas partes em litígio. O vencedor da
questão tinha sua parte devolvida. O perdedor tinha sua parte confiscada, ao
que tudo indica para ser oferecida aos deuses do paganismo. Era o sacramentum.
Com o passar do
tempo, a palavra sofreu duas evoluções semânticas, de acordo com Berkhof (p.
622): "
(a) no uso militar
do termo, em que denotava o juramento pelo qual um soldado prometia solenemente
obediência ao seu comandante". Note-se, aí, que os cristãos aproveitam
essa ideia de obediência, pois, no batismo, o fiel promete obedecer a Cristo,
através da profissão de fé.
"(b) no
sentido especificamente religioso que o termo adquiriu quando a Vulgata o
empregou para traduzir o grego mysterion." Parece que daí vem a ideia
católica de que o batismo tem algo sobrenatural, místico, infundindo graça ao
batizando. Entre os cristãos primitivos o termo "sacramento"
significavam doutrinas, "selos", "sinais" ou mesmo
"mistérios".
VISÃO
SACRAMENTALISTA DO BATISMO
No século
terceiro, havia ensinamentos, procurando provar que o batismo, como sacramento,
era "o único meio de obter a remissão de pecados". Tertuliano dizia
que "o batismo liberta-nos do poder do diabo e nos torna membros da igreja
como corpo de Cristo. Até crianças pequenas, ele pressupõe, estando contaminadas
com o pecado, devem ser batizadas. Seu ensino usual é que o Espírito é recebido
no batismo, quando o convertido é ' batizado em Cristo, na água e no Espírito
Santo" (Kelly, p. 157).
Cirilo de
Alexandria ensinava que "o batismo purifica-nos de todas as impurezas,
tornando-nos templo santo de Deus", enquanto Jerônimo reconhecia que
"pecados, impurezas e blasfêmias de toda espécie são removidos na pia
batismal, sendo que o resultado é a criação de um homem inteiramente novo"
(Op. cit., p. 326).
Agostinho chegava
a entender que o batismo eliminava todos os pecados, fossem eles contraídos
consciente ou inconscientemente. Tais entendimentos, ainda que oriundos de
ensinamentos transmitidos por homens eruditos, e reconhecidos como intérpretes
famosos das Escrituras, não estavam nem estão em acordo com o verdadeiro
sentido que a Palavra de Deus dá ao batismo em águas.
A
Igreja Católica Romana adotou esses ensinos,
pregando que "o sacramento é algum rito instituído por Cristo ou pela
Igreja, como sinal externo e visível de alguma graça interna e invisível"
(Champlin e Bentes, p. 33). Mais que isso, segundo Berkhof, a Igreja Católica
considera o "sacramento" como algo que "contém tudo que é necessário
para a salvação dos pecadores, não precisando de interpretação e, portanto,
tornam a Palavra completamente supérflua como meio de graça...". Por isso,
"Os católicos romanos afirmam que o batismo é absolutamente necessário
para todos, para a salvação...." (Idem, p. 623).
Para esses, os
sacramentos são em número de sete, sendo eles o "batismo", "a
confirmação" (crisma), "a penitência", "a santa
eucaristia", "as santas ordens" (ordenação de sacerdotes),
"o matrimônio" e a "extrema-unção", todos eles transmitindo
de alguma forma algum tipo de graça santificante ou salvífica.
O
QUE É UMA ORDENANÇA?
A palavra vem do
latim, de ordo(inis), relativa a ordinari, "ordenar". Daí, é que se
deriva a palavra ordinans(antis), "ordenança", significando "uma
regra autoritária, um decreto, uma lei, um rito religioso, uma disposição ou
posição, um desígnio" (Champlin, p. 615).
No AT, a páscoa e
a circuncisão eram ordenanças de elevado significado espiritual. Havia
ordenança, no sentido da investidura de reis em suas funções; profetas eram
ungidos ou ordenados para o ministério.
No Novo
Testamento, vemos que os apóstolos foram ordenados pelo Senhor (Ver Jo 15.16).
Em At 6.6, os diáconos foram ordenados para o serviço de socorro aos
necessitados. Nesse aspecto, a ordenação é um rito de consagração ou separação
de obreiros. Ordenança tem o sentido de "ordem",
"mandamento", "determinação". O sacramento pode ser
entendido como uma ordenança. Berkhof assim o define: "Sacramento é uma santa
ordenança, instituída por Cristo, na qual, mediante sinais perceptíveis, a
graça de Deus em Cristo e os benefícios da aliança da graça são representados,
selados e aplicados aos crentes, e estes, por sua vez, expressam sua fé e sua
fidelidade a Deus" (grifo nosso).
Os evangélicos em
geral aceitam apenas dois sacramentos ou ordenanças, deixados por Cristo, que
são o batismo (cf. Mc 16.16) e a Santa Ceia (Lc 22.17-21; 1 Co 11. 24,25), que
em si não transmitem graça ao participante dos mesmos, sendo, contudo,
expressões representativas da obediência dos mesmos à vontade de Deus.
A
ORDENANÇA DO BATISMO EM ÁGUAS
Como o batismo em
águas foi determinado por Jesus (Mc 16.16), os evangélicos em geral assumem que
esse rito sagrado é uma ordenança especial, deixada por Cristo à sua igreja.
A ideia do batismo
como sacramento, no sentido exagerado que lhe é dado, levou certos crentes do
quarto e do quinto séculos a entenderem o rito batismal como um sacramento,
transmitindo graça salvífica.
Os católicos
romanos ensinam que o batismo (feito por aspersão) não é só um mandamento, uma
ordenança. É um sacramento, no sentido de transmitir a graça salvadora a quem é
batizado. Com isso, querem dizer que uma pessoa não pode ser salva se não for
batizada, nem mesmo uma criança inocente. Daí, porque batizam criancinhas. Tal
sentido, aplicado ao batismo, não tem a aceitação dos evangélicos, muito menos
dos pentecostais, por carecer de base bíblica para sua efetivação.
Na verdade, como
acentua Horton (p. 569), "as ordenanças, determinadas por Cristo e celebradas
por causa do seu mandamento e exemplo, não são vistas pela maioria dos
pentecostais e evangélicos como capazes de produzir por si mesmas uma mudança
espiritual, mas como símbolos ou formas de proclamação daquilo que Cristo já
levou a efeito espiritualmente nas suas vidas".
Com esse sentido,
o batismo tem muita importância na vida do crente fiel. Nada justifica a
negligência em buscá-lo com santo interesse. Sua realização não significa
salvação. Mas sua omissão pode significar um estado de desobediência, velada ou
não, que impede o crente de atender à ordenança do Senhor.
O
BATISMO NÃO TRANSMITE SALVAÇÃO.
Além da igreja
Católica, há certos grupos luteranos e anglicanos, bem como seitas, como os
"Testemunhas de Jeová" e Mórmons, que se baseiam numa teologia
sacramentalista, segundo a qual o batismo é necessário por transmitir a
salvação. Muitos chegam a dizer que "fora do batismo não há
salvação".
Contudo,
o batismo em si, como ato simbólico, não tem a virtude de transmitir a
salvação, pelos seguintes motivos:
1)
Somos salvos pela graça de Deus e não por obras ou ritos externos (cf. Ef
2.8,9). Jesus
disse à mulher samaritana que os verdadeiros adoradores haveriam de adorar ao
Pai "em espírito e em verdade" (Jo 4.23,24).
2) A
salvação resulta da fé individual em Cristo, sendo esta instrumento suficiente
para a regeneração (Jo 5.24; 3.36; At 16.31).
3) O
batismo não dá origem à fé, e só deve ser ministrado a quem já demonstra tê-la
(At 2.41; 9.37; 16.14,15.30-33).
4) A
Bíblia revela o caso de pessoas que não tiveram oportunidade de batizar-se e
foram salvas, a exemplo dos fiéis do AT e do ladrão que aceitou
a Cristo no Gólgota. Alguns irmãos, nas igrejas, indagam: "Jesus não disse
que quem crê e for batizado será salvo?". E acrescentam: "Para que
serve, então, o batismo, se ele não salva?".
A Bíblia não pode
contradizer-se. A salvação não é por obras, mas pela fé em Jesus.
O batismo, como ordenança,
segundo Horton (p. 570), tem os seguinte propósitos simbólicos:
1)
Identificação com cristo.
"Para os
crentes, ... simboliza a identificação com Cristo. No batismo, o recém
convertido testifica que estava em Cristo, quando Cristo foi condenado pelo
pecado, que foi sepultado com Ele e que ressuscitou para a nova vida
nEle".
2)
Morte para a velha vida.
"O batismo indica que o crente morreu
para o velho modo de viver e entrou na ' novidade da vida', mediante a redenção
em Cristo. O ato do batismo nas águas não leva a efeito essa identificação com
Cristo, ' mas a pressupõe e a simboliza".
3)
Identificação com a Igreja.
"O batismo
nas águas também significa que os crentes se identificaram com o corpo de
Cristo, a Igreja. Os crentes batizados são admitidos na comunidade da fé e, com
sua atitude , testificam publicamente diante do mundo sua lealdade a Cristo,
juntamente com o povo de Deus".
Desse modo, o
batismo não salva, mas confirma a fé. É sinal legítimo, exterior, da
obediência, da vida de quem já é salvo (Ver Gl 3.27; 1 Co 12.13). É um ato de
fé genuína, que precisa ser acompanhada de obras de salvo, indispensáveis ao
bom testemunho cristão (Ver Rm 2.6; Tg 2.14; Mt 5.16; Ef 2.10).
Deve ser um ato
natural, em sequência à conversão. Entre os crentes, nos primórdios da Igreja,
dificilmente se encontrava alguém que não houvesse sido batizado em águas,
algumas vezes logo após a aceitação a Cristo (cf. At 8.37,38; 16.33; 18.8).
Aliás, é interessante que se busque a razão pela qual um crente, com muitos
anos de convertido, não seja batizado em águas. Nada justifica tal situação, a
não ser que um impedimento de ordem espiritual, moral ou legal subsista. Neste
caso, a pessoa precisa de orientação e ajuda na busca da solução de seu
problema. Em algumas igrejas, as pessoas só podem assumir cargos ou funções
eclesiásticas se forem "membros do Corpo de Cristo", condição que se
completa, na comunidade cristã, após o batismo em águas.
FORMAS
OU MÉTODOS DE BATISMO.
Segundo os
historiadores cristãos, três são as formas possíveis de batismo: por imersão,
por afusão (derramamento) e por aspersão.
A Igreja Católica
e algumas denominações evangélicas, utilizam o método de batizar por aspersão.
Este consiste na aspersão de um pouco de água sobre a cabeça do batizando,
normalmente de crianças.
Muitos dizem que
esse deve ser o método de batizar as pessoas enfermas ou próximas à morte,
quando se torna inviável levá-las a um tanque ou lugar onde haja bastante água,
ou por não ser indicado mergulhar seus corpos em água.
Num antigo
documento (100 A. D.), denominado "Didaquê", havia instruções para a
ministração do batismo, orientando que, em princípio, deveria ser por imersão,
mas não havendo água suficiente, poder-se-ia derramar água fria (ou morna)
sobre a cabeça da pessoa, três vezes, "em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo. Este era o método por afusão.
Os evangélicos em
geral aceitam a ideia de que o batismo deve ser feito por imersão (mergulhar em
água), seguido de emersão (sair dá água), visto que esse ato simboliza o
"sepultamento-ressurreição" do batizando. Tal entendimento tem base
em Rm 6.3,4, que diz: "Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em
Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?" De sorte que fomos sepultados
com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos
pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida".
Os que defendem
essa forma de batismo são chamados de "imersionistas".
Há quem não aceite
a imersão como única forma de batismo, alegando que as palavras gregas bapto e
baptizo não significam só "imergir", mas, também, "lavar",
"banhar-se" e "purificar mediante lavamento" (Berkhof, p.
635). Com isso, aceitam as formas por afusão e aspersão. Entretanto, mesmo
havendo outros sentidos para as palavras originais, "...o próprio
simbolismo que diz respeito ao modo é aquele que projeta a ideia de
imersão"... "visto que a 'imersão' concorda mais com o sentido e com
o simbolismo do batismo, do que qualquer outro modo, do ponto de vista
simbólico lingüístico e histórico, não erram aqueles que batizam por
imersão" (Champlin, p. 461).
Criticando os que
defendem formas diferentes da imersão, esse autor diz que "tentar furtar à
palavra baptizo de seu sentido básico, 'imergir', é ridículo, uma violência à
língua e à história do termo". Sem dúvida alguma, se o batismo é um
simbolismo da fé, da obediência e da nova vida em Cristo, devemos zelar para
que esse ato não venha perder sua característica peculiar de representativo de
algo que é tão real e importante, como ordenança deixada pelo Senhor (Mt
28.19).
Se algo já é
simbólico, e a forma de praticá-lo afasta-se daquilo que representa, menos
significativo poderá tornar-se.
A
FÓRMULA DO BATISMO
Os cristãos em
geral utilizam a forma trinitária de batizar alguém, fazendo-o como Jesus
ordenou em Mt 28.19b: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". No original grego, tal
expressão é eis to onoma tou patros kai tou hyou kai tou hagiou pneumatos,
significando "para uma relação com o nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo".
Segundo Horton (p.
570), "os crentes neotestamentários eram batizados 'para dentro' do nome
do Senhor Jesus (At 8.16)". Isto porque a preposição eis, no grego, quer
dizer "para dentro de", podendo significar, também, "em relação
a". Assim, o batizando é introduzido em Cristo, no seu nome, ficando
debaixo de seu senhorio. Para tanto, necessária se faz uma profissão de fé
autêntica, mediante a qual a pessoa a ser batizada confirma sua convicção de
ser um verdadeiro discípulo de Cristo.
Certos grupos ou
denominações procuram utilizar outra fórmula, afirmando que os crentes devem
ser batizados somente no nome de Jesus, baseados em alguns versículos bíblicos,
tais como At 2.38, quando Pedro diz que as pessoas se arrependessem para serem
batizadas "em nome de Jesus Cristo" (epi toi onomai Iesou Christou) e
At 10.48, quando o apóstolo orientou que os da casa de Cornélio fossem
"batizados em nome do Senhor" (en onomati Kyriou Iesou). Em At 8.16,
vemos novos convertidos que "somente eram batizados em nome do Senhor Jesus";
em At 19.5, diz-se que "os que ouviram foram batizados em nome do Senhor
Jesus".
Note-se que, nas
quatro referências, não há uma fórmula, pois há diferença entre as duas
primeiras e as duas últimas. Esses textos são invocados pelos unicistas para
justificar o batismo "só no nome de Jesus". Deve-se notar, no
entanto, que, naquelas ocasiões, não estava sendo ministrado o ato batismal em
si, mas apenas uma determinação para que se realizasse o batismo dos recém
convertidos, ou referência ao batismo já realizado.
As seitas
unicistas utilizam esses textos bíblicos para defender a idéias do batismo
"só no nome de Jesus", pois eles pregam que a fórmula ditada por
Jesus não inclui "o nome", e sim, "as funções diferentes de
Deus", como Pai, como Filho e como Espírito Santo, o que é uma heresia
absurda. Segundo o Pastor Esequias Soares (p. 37), as passagens bíblicas
invocadas pelos unicistas "não tratam da fórmula batismal, e sim de atos
ou eventos de batismo...Se elas revelassem a fórmula batismal, seriam iguais,
pois a fórmula é padronizada. Aquelas pessoas eram batizadas na autoridade do
nome de Jesus". Desse modo, entendemos que a fórmula trinitária, ditada
por Jesus, antes de se despedir dos seus discípulos, é a mais correta e
adequada para a ministração do ato batismal.
QUEM
DEVE SER BATIZADO
O batismo não tem
o sentido místico que lhe é atribuído por alguns (sacramentalistas), mas não
pode ser reduzido a um simples ritual ou ato formal. Há quem procure o batismo,
em alguma igreja, pelo fato de desejar ter um cargo ou função; há jovens que
procuram batizar-se para poder namorar com alguém ou imitar seus colegas. Isso
não tem o menor sentido bíblico, e perde o valor diante de Deus.
É necessário que
haja um testemunho sincero de uma nova vida em Cristo, para que o simbolismo do
batismo seja verdadeiro. Um velho pastor dizia: "se não tivermos cuidado,
no dia do batismo, podemos levar ao tanque um pecador enxuto, e sair de lá um
pecador molhado". Com isso, advertia para o cuidado em se fazer uma
profissão de fé criteriosa, buscando-se, também evidências de que o candidato
ao batismo desse demonstração de que é de fato uma nova criatura em Cristo, e
não apenas alguém interessado em cumprir um ritual. O batismo é uma importante
ordenança de Cristo à sua igreja, mas não transmite salvação
BATISMO
DE CRIANÇAS?
Para os que vêm o
batismo como um "sacramento", ou um ato que transmite graça
santificante, não só adultos mas crianças devem ser batizadas. Entretanto, de
acordo com a Palavra de Deus, não se vê, na Bíblia, um só caso de batismo
infantil (pedobatismo) ou de pessoas não convertidas.
Os que defendem o
batismo de crianças, dizem que ele eqüivaleria ao rito da circuncisão, no AT,
em que as criancinhas, com oito dias de nascidas, já eram submetidas àquela
prática cruenta, como forma de pertencerem ao povo de Deus. Tal ideia não tem
base bíblica, pois em At. 2.38, os que foram batizados, após ouvir a mensagem
do evangelho, eram todos judeus, portanto circuncidados. Se o batismo equivalesse
á circuncisão, não haveria necessidade de levá-lo a efeito.
Um outro argumento
dos que defendem o batismo de crianças reside no fato de algumas famílias
inteiras terem sido batizadas, havendo, certamente, crianças entre seus
integrantes, como registrado em At 16.15; 16.33 e 1Co 1.16. Trata-se, no
entanto, de suposição, que não pode servir de base doutrinária.
Há, ainda, quem
alegue possuir a criança o pecado original, e que este exige perdão, que só
pode ser obtido através do batismo. Tal assertiva peca por falta de base
escriturística.
O perdão do pecado
se obtém através da lavagem do sangue de Jesus (1 Jo 1.7) e não pelas águas do
batismo. Além disso, a Bíblia nos dá a entender que as crianças em idade tenra,
quando ainda não podem discernir entre o bem e o mal, não carregam em si a
culpa do pecado, nem mesmo do pecado original, pois este não é uma doença
contagiosa, que passe de pai para filho. A criança tem, na verdade, em si as
consequências daquele pecado, mas não a responsabilidade por ele.
Jesus, ao receber
as criancinhas em seus braços, disse aos seus discípulos: "Deixai vir os
meninos a mim, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade
vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino de maneira
nenhuma entrará nele'. (Mc 10.14,15). Assim, na condição de criancinhas, elas
não precisam ser batizadas para Ter acesso ao "reino de Deus", pois
já lhes pertence, em seu estado de pureza, simplicidade e inocência.
É
NECESSÁRIA A "FÉ ATIVA"
A nosso ver, o
argumento maior contrário ao batismo é o fato de as crianças, que não atingem a
idade da razão, quando sabem o bem e o mal, não possuem o que se chama "fé
ativa", que é requisito básico para o batismo. A fé é condição
indispensável para a submissão ao rito batismo (Ver Mc 16.16; At 10.47,48;
16.15,31,34).
Dessa forma, só
podem ser batizados os adultos, que podem exercer a "fé ativa", em
consonância com a Palavra de Deus; os novos convertidos, que demonstrem haver
absorvido uma verdadeira convicção de sua salvação e disposição em obedecer as
doutrinas fundamentais da Palavra de Deus; é interessante que, em cada igreja
local, haja uma classe de Discipulado, para que os recém -conversos sejam
devidamente instruídos acerca dos fundamentos da fé cristã, e possam ser
conduzidos ao batismo sem dúvidas ou má compreensão do verdadeiro significado do
que é ser um seguidor de Cristo; deve-se entender, no entanto, que por
"adulto" não se veja apenas pessoas com mais de vinte e cinco anos de
idade; cremos que a categoria de "adulto" para efeito do batismo,
deve incluir, também, os adolescentes, a partir dos 12 anos, e os jovens em
geral, desde que tenham tido um bom nível de discipulado no lar e/ou na igreja,
notadamente através da Escola bíblica Dominical.
Divulgação:
Subsídios EBD
BIBLIOGRAFIA
BERKHOF,
Louis. Teologia sistemática. São Paulo, Luz para o Caminho, 1990. CHAMPLIN
& BENTES. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. São Paulo, Candeia,
1995.
HORTON,
Stanley. Teologia sistemática. Rio, CPAD, 1997.
KELLY,
J. N. Doutrinas centrais da fé cristã. São Paulo, Edições Vida Nova, 1994.
S0ARES, Esequias. Lições Bíblicas, 2. Trim. 97 - Seitas e Heresias. Rio, CPAD,
1997.
(Publicado
na Revista Obreiro, de fevereiro de 1999, pela CPAD).