Classe de Jovens / 1°
trimestre de 2016 / Editora: CPAD
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TEXTO
DO DIA
“Porque os
magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu,
pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás Louvor dela" (Rm 13.3).
SÍNTESE
Todas as
autoridades são constituídas por Deus para proteger 0 bom cidadão. Os jovens
cristãos devem submissão a elas, desde que suas ordens não sobreponham aos
princípios bíblicos.
AGENDA
DE LEITURA
SEGUNDA -
Rm 13.1 - As autoridades constituídas
TERÇA - Rm
13.2 Quem resiste as autoridades
QUARTA - Rm
134 Os magistrados são constituídos para punirem os maus
QUINTA - Rm
13.5 0 respeito às autoridades
SEXTA - Sl
62 - O poder é propriedade exclusiva de Deus
SÁBADO - At
5.29 - É melhor obedecer a Deus
OBJETIVOS
MOSTRAR que todas as autoridades são
constituídas com a permissão de Deus;
EXPLICAR que a submissão às autoridades
constituídas, desde que não seja contra os princípios divinos é bíblica; SABER
que precisamos ter uma atitude responsável diante das obrigações com as
autoridades e o Estado.
INTERAÇÃO
A
recomendação de Paulo foi para que os cristãos de Roma fossem submissos às
autoridades do Estado, pagassem os impostos e tributos estabelecidos e que a
igreja mantivesse um bom relacionamento com o Estado para manter a paz relativa
existente, bem como a liberdade religiosa.
Os
conceitos bíblicos continuam os mesmos, o respeito pelas autoridades e o
pagamento rigoroso dos impostos e tributos, entretanto o contexto brasileiro é
diferente do contexto do Império Romano na época do apóstolo Paulo. Dessa
forma, devemos incentivar o compromisso com os conceitos bíblicos, mas também
uma participação maior dos membros das igrejas da gestão pública, com bom senso
e contribuindo para uma sociedade mais justa.
TEXTO
BÍBLICO
Romanos
13.1-7
INTRODUÇÃO
Nesta Lição
vamos refletir a respeito dos seguintes temas: o estabelecimento de todas as
autoridades por Deus; as autoridades como ministros a serviço de Deus e a
submissão às autoridades pelo jovem cristão.
I
- AS AUTORIDADES SÃO ESTABELECIDAS POR DEUS (Rm 13.1,2)
1. A relação da igreja de Roma com o Estado.
Quando
Paulo escreveu a Epístola aos Romanos, havia relativa paz entre o Estado e a
igreja. Entretanto devido este texto estar no final desta epístola, alguns
teólogos sugerem haver pelo menos algum sinal de rebeldia por parte de alguns
membros da igreja em relação ao Estado.
O imperador
na época era Nero (54-68) e, neste período, por todo o império surgiam
rebeliões contra o imperialismo romano, que eram sufocadas pelas legiões
romanas. Alguns anos antes da escrita da epístola foram deflagradas algumas insurreições
como a dos judeus de Alexandria, que influenciou no decreto do Imperador
Cláudio em 49 d. C„ que expulsou os judeus de Roma, incluindo Priscila e
Áquila.
Na data da
escrita da epístola, o decreto já havia caducado e os dois já estavam entre os membros
da comunidade cristã em Roma. A principal questão das revoltas eram os impostos
e tributos obrigatórios pelo império.
2. Todas as autoridades são constituídas por
Deus (v.1).
Considerando o histórico citado no subtópico anterior, bem como a tradição do
Antigo Testamento que apresenta o poder como propriedade exclusiva de Deus (Sl
62) e a autoridade política como instrumento de Deus tanto para proteção como
para o castigo (Jr 27; Is 10.5,6; 41.1-7; 44.28). Por isso, apóstolo procura
incentivar a manutenção da relação de paz entre o Estado e Igreja.
Paulo usa
do bom senso e afirma que todas as autoridades estão debaixo da ordem divina e
foram constituídas por Deus. Por isso devem ser respeitadas. No entanto, a
afirmação de Paulo não significa uma obediência absoluta, pois iria contra os
princípios éticos cristãos e sua própria afirmação em Romanos 1.18, em que
previa a ira de Deus sobre práticas que eram comuns ao império ditatorial
romano.
Veremos em
tópicos posteriores que Paulo orienta o respeito às autoridades, mas desde que
suas ordens e ações não fossem contraditórias à autoridade maior que é a
Palavra de Deus.
3. A insubmissão às autoridades traz condenação
(v. 2).
Paulo age
com prudência, procurando evitar um mal maior, como ocorreu com a perseguição
de Nero em 64 d. C. Os judeus eram testemunhas disso. Eles tinham privilégios
expressivos no Império Romano, pois a religião judaica estava legalmente
registrada entre as permitidas.
Algumas
práticas e rituais judaicos estavam garantidos por lei dentro das muralhas de
Jerusalém, como a dieta alimentar, a lei do sábado, proibição de imagens de
escultura, inclusive o império ratificava a lei judaica de pena de morte para
quem violasse os átrios internos do Templo de Jerusalém. Todavia, quando
comunidades judaicas foram insubmissas às autoridades romanas, elas foram
massacradas como já citado anteriormente. Paulo não queria isso para a igreja,
por isso orientou os membros a terem boa relação com o Estado para garantir a
liberdade pessoal e de cultuar a Deus.
O Pense!
“Uma
pergunta crítica em nossos dias gira em torno de com que rigor nós, cristãos,
devemos aplicar o princípio de Paulo de sujeição aos governantes"
(Lawrence Richards).
O Ponto
importante
Paulo
demonstrou ter bom senso ao lidar com as autoridades de Estado, visando sempre
o bem estar das pessoas e a liberdade religiosa para os cristãos.
II
- AS AUTORIDADES DO ESTADO ESTÃO A SERVIÇO DE DEUS (Rm 13.3-5)
1. As autoridades são constituídas para
proteger os bons cidadãos (v.3).
Paulo
recorre a tradição do Antigo Testamento e se baseia em textos como Provérbios
8.15,16 e Isaías 11.1- 9, que afirmam a constituição das autoridades por Deus
para o exercício da justiça e manutenção da ordem na sociedade.
Conforme já
citado, devemos considerar o contexto de Paulo na época da escrita da carta, em
que havia relativa paz no império em relação à igreja. Neste período a igreja
era vista como uma ramificação do judaísmo, uma religião permitida. Devido a
esta confusão, o cristianismo não era incomodado. Desse modo, sendo uma
religião “legalizada", todo cuidado seria importante para não perder essa
prerrogativa e liberdade.
A maior
dificuldade da igreja, na realidade, era com os judeus que perturbavam o
exercício do ministério do apóstolo devido ao legalismo. Portanto, neste contexto,
os cristãos eram protegidos legalmente pelas autoridades romanas.
2, As autoridades são constituídas para punir
os maus cidadãos (v. 4).
O versículo
anterior (v. 3) termina com a frase: “faze o bem e terás louvor dela". Os
cristãos não se envolvendo em nenhum delito não seriam incomodados pelos
magistrados, antes seriam vistos como bons cidadãos, que mereciam ser
protegidos.
Uma vida
sossegada, conforme o conselho de 1 Timóteo 2.1,2: “Admoesto-te, pois, antes de
tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por
todos os homens, pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que
tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”. No
entanto, as pessoas de fora da igreja, ainda dominadas pelo pecado, tinham a
tendência de descumprir as leis de ordem estabelecidas pelos magistrados. Para
estes não haveria proteção, mas sim a punição prevista em lei e,
consequentemente, a falta de paz, com o Estado e com Deus, devido aos seus
delitos e pecados.
3. A submissão não deveria ser por medo do
castigo (v.5).
Paulo
introduz um conceito que demonstra a superioridade da verdadeira moralidade
cristã, que é motivada não pelo medo do castigo, mas por algo muito maior, O
cristão verdadeiro não serve a Deus por ter medo de punições humanas ou de ir
para o inferno, mas pelo amor e gratidão à Deus pela sua justificação por meio
da fé no sacrifício vicário de Cristo. Diferente do ímpio, que poderia deixar
de cometer delitos, mas por medo da punição das autoridades constituídas, o que
não demonstra atitude interior.
A
recomendação paulina era uma submissão com foco em Deus e não somente na lei
humana.
O jovem
cristão deve ter uma consciência pura e honrada (2 Tm 1.5; At 24.6: Hb 13.7:1
Pe.1.6), não fraca (1 Co 8.7.12), nem má (Hb 10.22: Tt 1.15) ou cauterizada (1
Tm 4.2). Agindo assim, viverá em paz com Deus e com as autoridades
constituídas.
O Pense!
Por que
você tem se submetido a Deus? Por medo de ir para o inferno ou por amor a Ele e
pela gratidão ao sacrifício de Cristo?
O Ponto Importante
As
autoridades são constituídas por Deus para proteger os bons cidadãos e para
punir as práticas de injustiça dos maus cidadãos.
III - O
JOVEM CRISTÃO DEVE SE SUBMETER ÀS AUTORIDADES (Rm 13.6,7)
1. Os jovens cristãos devem pagar os impostos e
tributos (v. 6).
O pagamento
de impostos é uma medida necessária para manutenção da ordem, infraestrutura e
outros recursos necessários para sustentabilidade da sociedade. Contudo, este
pagamento era um problema para uma série de grupos judaicos, dos menos radicais
(fariseus) aos mais radicais e revolucionários (zelotes), que entendiam ser um
crime, uma ofensa à sua religião e ao Deus de Israel, pagar impostos para um
povo estrangeiro e dominador do povo israelita. Isto não parecia ser uma preocupação
de Jesus, que incentivou o pagamento (Mt 22.21: 17.25-27: Lc 20.20-25), nem de
Pauto, que recomenda o pagamento, reforçando que é para suportarem
financeiramente os "ministros de Deus" para manutenção da ordem e
proteção dos bons cidadãos, como os cristãos. Na época do apóstolo o
imperialismo romano não dava ao povo oportunidade de participar da gestão
pública.
2. Os crentes devem pagar a todos o que é
devido (v.7).
A ênfase
paulina para estas questões monetárias (impostos e tributos) denota alguns
pontos de atenção para a comunidade de Roma, não poderia ser por acaso.
Provavelmente, Paulo sabia das práticas de alguns membros da comunidade que Lhe
preocupava, temendo alguma consequência não somente de forma individual como
também para a igreja.
Pauto vai
além, afirmando que devemos pagar os tributos e impostos, mas também o temor e
a honra. Nos escritos de Paulo, quando se refere a honra, tem origem na palavra
grega time, que também pode ser traduzida por “respeito, estima e
consideração", e é sempre atribuída a pessoas. Enquanto, que a palavra
grega fobos, traduzida para temor, é atribuída a Deus e a Jesus (Rm 3.18; 8.15;
2 Co 5.11; 7,1; Ef 5.21). Devemos respeitar as pessoas, mas temer a Deus, a
fonte de toda autoridade.
Pense!
“A forma
como Deus controla homens maus é pondo homens maus sob controle" (Martinho
Lutero).
O
Ponto Importante
Paulo
afirma que os cristãos também deveriam cumprir com suas obrigações como
cidadãos e honraras autoridades. Porém, enfatiza que, acima de tudo, deveriam
temer e adorar a Deus, a fonte de toda autoridade.
SUBSÍDIO
O
princípio de Paulo para se relacionar com o governo secular é essencialmente o
dos judeus babilônios. A ordem: Toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores' (13.1-7) é claro paralelo à expressão:
A
lei do soberano é a lei para nós'. Paulo, porém, é cuidadoso ao apresentar uma
base teológica para a sujeição às autoridades seculares (13.1).
Ele
argumenta que o próprio Deus ordenou o governo. Isto não significa que Deus
tenha ordenado um governo em particular, tal com o 'governo dos Estados
Unidos'. O que Paulo está dizendo é que Deus estruturou o mundo de seres
humanos de tal forma, que haverá autoridades e submissos, governantes e
cidadãos.
Aquele
que se considera cidadão deve responder apropriadamente ao governo, caso
contrário violará a ordem da sociedade divinamente ordenada. Aquele que faz
isso se achará em rebelião contra Deus. Paulo continua explicando por que Deus
ordenou este estado de coisas (13.3,4). Ele o fez para promover a paz pública.
A
missão de um governo é ‘portar a espada'. Nisto o governo é o ‘ministro de Deus
e vingador para castigar o que faz o maL’. Isto não sugere que o governo seja o
servo consciente de Deus, ou que o governo seja responsável por estabelecer
leis que estejam em conformidade com os padrões bíblicos. Em vez disso, Paulo
argumenta que a própria natureza que o sistema de governo-governado que Deus
criou Leva os governantes a punir aqueles que fazem o mal - em benefício dos
interesses da própria sociedade." (RICHARDS, Lawrence O. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.
321).
CONCLUSÃO
Nesta
lição, aprendemos que todas as autoridades são constituídas por Deus e que a
insubmissão a elas traz incômodo, pois elas foram estabelecidas para proteger
os bons cidadãos e punir os maus.
HORA
DA REVISÃO
1. Na época da escrita da epístola, qual era a
situação da relação entre a igreja e o Estado?
Quando
Paulo escreveu a Epístola aos Romanos havia relativa paz entre o Estado e a
igreja.
2. O que provocou o decreto do imperador
Cláudio em 49 d. C, em que foram expulsos os judeus de Roma, inclusive Priscila
e Áquila?
Alguns anos
antes da escrita da epístola foram deflagradas algumas insurreições, como a dos
judeus de Alexandria, que influenciaram no decreto do Imperador Cláudio em 49
d. C.
3- Segundo a lição, qual o embasamento de Paulo
para afirma que as autoridades são constituídas por Deus?
Paulo
recorre a tradição do AT, com embasamento em textos como Provérbios 8.15-16 e
Isaías 11.1-9, que afirmam que as autoridades são constituídas por Deus para
praticar a justiça e para manter a ordem na sociedade.
4. Paulo afirma que a submissão não deveria ser
somente para evitar o castigo romano, mas também pela consciência. Explique:
O cristão
verdadeiro não serve a Deus por ter medo de punições humanas ou de ir para o
inferno, mas pelo amor e gratidão à Deus pela sua justificação pela fé por meio
do sacrifício vicário de Cristo.
5. Considerando que Deus é quem estabelece
todas as autoridades, qual a maneira providenciada por ele para as autoridades
executivas e legislativas no Brasil?
No Brasil,
atualmente, Deus estabelece as autoridades por meio do voto de cada cidadão
brasileiro, que tem o direito de eleger os cargos executivos e legislativos.