A Bíblia é clara quanto ao
objetivo do culto quando diz: "Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem
revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação",
1Co 14.26.
As igrejas
evangélicas adotaram os cânticos congregacionais, a partir da Reforma
Protestante (1517), em substituição aos cantos gregorianos da igreja romana,
com volumosa contribuição para a valorização da música.
No caso dos hinos, eles foram
inicialmente compostos para provocar o enlevo espiritual. Mas, aos poucos, vão
sendo substituídos por novos ritmos, melodias e letra característicos da música
secular (profana).
Este registro poderá levar os
pentecostais e neo-pentecostais ao pós-pentecostalismo, quando ocorre o
abandono da ação dos dons espirituais na igreja, em função da própria
depreciação.
Valores tentadores
como fama, shows — nos moldes dos conjuntos de
rock, sertanejos e outros — cantores tidos como cristãos evangélicos abusam do
plágio rítmico do secularismo, sem se importar, com aquilo que deve ser,
conforme modelo bíblico.
Para cumprir prazos e projetos
de lançamento no mercado, estabelecidos por contratos comerciais de gravadoras,
não se constrangem em lançar verdadeiros entulhos. Pagar o preço, com oração e
súplicas ao Senhor, ou passar a compor letras a partir de experiências vividas
com Deus, está fora de moda, não obstante o relato do hino 126, da Harpa
Cristã: "Os mais belos hinos e poesias foram inscritos em
tribulação".
Os hinos atualmente sofrem grande influência do modelo positivista e triunfalista, que apareceram entre os
cristãos-evangélicos a partir dos anos oitentas. São hinos que fazem sucesso,
mas suas letras e música não premiam o modelo bíblico, que embora proponha
vitória e triunfo, tem sua visão primeiramente voltada à edificação.
O triunfo humano era uma meta
clara e principal objetivo dos imperadores romanos. A cada batalha e
consequente vitória, um arco (do triunfo) era erguido em forma de deificação
daquele guerreiro e líder.
Essa inversão de valores, que
segue a teoria do ter e não a do ser tenta alterar o foco do objetivo do Reino
de Deus, com essência espiritual, como disse o Senhor Jesus: "O meu reino
não é deste mundo".
OS HINÁRIOS
Para livrar o povo dos impulsos
humanos e distanciá-lo da genuína adoração, a igreja passou a adotar hinários —
um compêndio de louvores inspirados e aprovados. É uma forma de coibir abusos e
de não permitir que a igreja se corrompa diante de apresentações meramente
artísticas e de louvor humano.
Proteção
Os hinários - como a Harpa Cristã - passaram a figurar como referência de louvor e
ainda como regra ou padrão (protetor) de conduta musical.
Figuraram ainda como meio de
distanciar o fiel de formas mundanas de músicas, como as contemplativas -
próprias de sistemas religiosos orientais - e as chamadas bate-estacas, dos
rocks.
Portanto o cântico deve ser
composto de música e letra com poesia, inspiração e melodia, pois a
Bíblia diz para oferecermos "louvor com inteligência". Nele deve
estar inserida a harmonia musical, com melodia, ritmo e mensagem (letra) - a
musicalidade. Harmonia é a "Disposição bem ordenada entre as partes de um
todo; ordem, simetria; paz; suavidade e sonoridade do estilo".
Experiências marcantes e poesia inspirada
Tomamos alguns hinos,
verdadeiramente inspirados, para dar exemplo do empenho que cada autor deve
possuir, além da essência - a inspiração divina.
Sou feliz
O hino Sou feliz foi escrito
pelo advogado norte-americano Horatio Gates Spafford, após o naufrágio do navio
Ville de Havre, em 1873, no Oceano Atlântico. Nele morreram as quatro filhas de
Gates. Só a esposa sobreviveu. Não obstante a separação, ele escreveu o hino
"Sou feliz com Jesus meu Senhor...".
Tu és fiel Senhor
O autor do hino que leva este
nome foi um pastor batista norte-americano. Ele foi traído pela esposa e ficou
com os dois filhos. Quis entregar a igreja, mas foi persuadido a permanecer
pela Convenção que o autorizou a continuar pastoreando. Novamente tentou
entregar a igreja e mais uma vez a Convenção interferiu para que ficasse. Ele
dizia que não podia ficar à frente da igreja naquela situação, pois achava-se
embaraçado, embora não tivesse pecado, conta-nos pastor António Gilberto. Ele
permaneceu e acabou compondo o hino (535 na Harpa Cristã): "Tu és fiel
Senhor".
Bondoso Amigo
José Scriven, que nasceu na
Manda, depois de estar preparado para casar-se, tomou conhecimento que sua noiva,
em outra cidade, havia morrido afogada. Converteu-se ao Senhor e casou com
outra mulher. Mas, não demorou muito para que essa morresse também.
Scriven percebeu que deveria
continuar sua vida sem outro casamento e que o Senhor o que queria assim. Já
morando no Canadá, mas doente, queria ver sua mamãe na Irlanda, também muito
doente. Como não podia viajar, em função de sua doença, Scriven escreveu uma
carta a sua mãe. Antes de sua morte, um amigo percebeu seu escrito, achou belo
e inspirado e pediu autorização para publicar em um jornal. O alemão Charles
Converse, ao ver aquela composição publicada, leu, gostou e compôs um hino - o
200 da HC, conforme narra a missionária Ruth Dorris Lemos.
O homem não pensa
Atualmente o homem deixou de
pensar, vive alienado a avanços científicos e se dobra a tudo que lhe vêm à
mostra. A televisão "suga" de forma extraordinária quase todo o tempo
que resta ao homem para pensar e produzir. A mente humana diante de uma tevê
entra em coma.
Hinos de hoje
Os chamados hinos de hoje são
carregados de troças ("Diabo fazendo careta, e o crente com esse fogo faz
churrasco de capeta") e de modismos à moda dos ditos levitas (que para mim
são gente que vive flutuando, pois levita só existe no contexto judaico), de
voz de choro ou sensual, com apelos rasteiros e até indecorosos.
Conclusão
"Encha-se a minha boca do
teu louvor e da tua glória todos os dias" (SI 71.8) e "Para publicar
com voz de louvor e contar todas as tuas maravilhas" ( SI 26.7), deve
sempre ser o norte para o cântico em nossos templos.
Por: PR.
Antônio Mesquita
Fonte:
Jornal Mensageiro da Paz, dezembro de 2007
Divulgação: Subsídios EBD