Gostaria de saber se a expressão "Filhos de Deus" em Génesis 6 refere-se a anjos caídos. Em Jó 2, são os mesmos citados em Génesis?
Existem varias teorias sobre quem são aqueles
'filhos de Deus" em Génesis 6 e que merecem a nossa apreciação.
Algumas são incompatíveis com o ensino geral das
Escrituras. Destacamos apenas duas teorias para serem analisadas e confrontadas
biblicamente.
A primeira teoria de que os "filhos de
Deus" eram anjos que se corromperam.
Seus adeptos defendem que aqueles "filhos de
Deus" eram anjos caídos, e que se corromperam de tal modo que cometeram o
pecado de miscigenação com as "filhas dos homens".
Misturaram as substâncias angelicais e humanas.
Interpretam que as filhas dos homens" eram realmente da descendência de
Adão e Eva e que os "filhos de Deus" eram anjos que entraram em
conúbio com estas mulheres, produzindo uma prole de filhos gigantes (Gn 6.4).
Essa teoria encontra apoio, não só na teologia
romanista, mas também entre evangélicos. Entretanto, não podemos nos valer
apenas de textos bíblicos isolados, contrariando todos os demais textos que
contém a mesma expressão.
Nem sempre que a encontramos ela está referindo-se
aos anjos. O Antigo Testamento se refere também aos filhos de Israel como
"filhos de Deus" (Dt 14.1; Ex 4.22 e Os 1.10).
Encontramos essa expressão no Novo Testamento relacionando-se
aos crentes em Cristo Jesus, que são chamados filhos de Deus (Jó 1.12).
A distinção para anjos ou homens só pode
ser percebida à luz do contexto de cada escritura que trata do mesmo assunto.
A teoria de que "os filhos de Deus" de
Génesis 6 sejam anjos contrasta com a angelologia declarada por Jesus em Mateus
22.30 de que os anjos são criaturas espirituais assexuadas.
A natureza deles é totalmente espiritual e, apesar de
serem tratados com sentido masculino, não existe na criação angelical o género
masculino ou feminino.
Há um crença dentro dessa teoria que admite que os
"demónios" são os espíritos dos "filhos de Deus" que caíram
em pecado em Génesis 6, ou que são os espíritos dos seus descendentes, os
gigantes.
A segunda teoria advoga que a expressão
"filhos de Deus" de Génesis ó refere-se à linhagem piedosa de Sete, filho
de Adão e Eva.
É a mais aceitável entre os estudiosos. Esta faz
distinção ente os "filhos de Deus'' da linhagem piedosa de Sete (Gn
5.3-4), o terceiro filho de Adão, e as "filhas dos homens"
referindo-se à linhagem má de Caim.
Segundo o relato histórico, essa união entre as
duas linhagens produziu uma geração extremamente má e perversa, para a qual
Deus mandou o juízo do Dilúvio.
Apenas Noé e sua família salvaram-se (Gn 6.5-22).
A expressão "filhos de Deus" e
"filhas dos homens" denota uma linguagem poética, mas verdadeira.
Se o ensino geral da angelologia não
admite a possibilidade de relações sexuais ou físicas entre anjos e mulheres,
visto que as naturezas são distintas, porque teríamos de aceitar a teoria da
miscigenação de seres espirituais e seres humanos?
Estaríamos admitindo as teorias do espiritismo, que
acreditam em todas essas ideias.
Quanto aos textos de Jó 1.6; 2.1, o contexto concorda
com a interpretação de que "os filhos de Deus" referem-se a anjos,
entre os quais aparece Satanás.
Indiscutivelmente, percebemos que ele tinha acesso
à presença de Deus, onde compareceu algumas vezes. No caso de Jó, Satanás
questionou diante de Deus a sinceridade e fidelidade do patriarca. Porém,
depois da vitória de Cristo no Calvário, não o vemos aparecer diante de Deus.
Por: PR.
Elienai Cabral
Fonte:
Rev. Resposta Fiel, ano 3, n° 7 - CPAD
Divulgação: Subsídios ebd