Como a Escola Dominical pode ajudar?
Você está na
igreja, no consultório, no shopping ou no restaurante e observa uma criança com
singularidade em relação a outras de sua idade. Ela não para quieta, movimenta
mãos, pés; levanta, anda, corre de um lado para o outro, e então vêm os
rótulos: "Criança sem educação!", "Sem limites". "E os
pais, onde estão, que não veem? Não fazem nada?"
Você conhece ainda
aquele adolescente ou adulto que não conclui nada que começa, que sempre
argumenta ter se esquecido do ensaio e sempre chega atrasado aos compromissos,
que perde seus objetos facilmente etc. Este é taxado de
"irresponsável".
Mas, cuidado! Em
alguns casos, eu e você podemos estar enganados nessa precoce conclusão.
Certamente você já
ouviu falar do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade) ou o
antigo DDA.
Apesar
de ser um transtorno de origem genética e congênita
(o indivíduo possui desde que nasce), geralmente ele é diagnosticado apenas
quando a criança entra na escola, por volta dos 6 ou 7 anos, onde os sintomas
aparecem de forma mais clara, principalmente na sala de aula.
Os
portadores do TDAH
Os portadores do
TDAH não conseguem controlar os seus impulsos com relação aos seus
comportamentos. Estudos têm mostrado que 5% das crianças são portadoras do
TDAH; ou seja, a cada 20 crianças, em média uma. Sendo assim, a probabilidade
de se ter 1 ou 2 crianças por sala de aula com o transtorno é grande.
A
criação familiar não causa o transtorno.
Entretanto, um
ambiente caótico poderá afetar de forma adversa o sistema nervoso central
(SNC), no processo de maturação bem como outros fatores como os traumas
cranianos, uso de drogas pela mãe ou infecções no SNC. Alguns portadores de
TDAH são brilhantes, outros nem tanto. Alguns possuem Ql acima da média, outros
podem ter associado ao TDAH a dislexia e/ou distografia. Para se conseguir um
diagnóstico bem claro, faz-se necessário uma equipe multidisciplinar, com
neurologista, psicólogo e psicopedagogo.
Mas, vale
salientar que, geralmente, o professor é o primeiro a suspeitar da existência
do transtorno, devido ao comportamento da criança em sala de aula e por passar
um tempo grande com ela.
O
neurologista, caso observe a necessidade de
medicamento, o indicará; mas, antes, é preferível o psicólogo. Ele fará
entrevistas clínicas com a criança e com os pais e até com a escola, aplicando
testes específicos. Se diagnosticado o TDAH, o psicólogo trabalhará com a
família e com o portador em suas questões comportamentais.
O especialista
também fará o trabalho de conscientização do transtorno e explicará as
consequências dos sintomas, para que a família aprenda a lidar com a criança
portadora de TDAH.
Quanto à criança,
o psicólogo a ajudará a enfrentar e a lidar com o transtorno, visto que nenhuma
medicação irá trabalhar as consequências vividas por ela.
O trabalho que
objetiva a melhoria da comunicação familiar ajuda a evitar que um transtorno de
conduta se desenvolva, e o psicopedagogo trabalhará questões de atenção para
facilitar o aprendizado. Dos casos diagnosticados na infância, 15% a 20%
persistem na vida adulta, mas as pessoas tratadas convivem de forma mais
tranquila com o transtorno e, em alguns casos, a medicação chega a ser
suspensa.
Como é o
portador de TDAH
O portador de TDAH
tem desorganização não só em questões externas, como também internas. Tende a
fazer tudo ao mesmo tempo e a cabeça não para de pensar. Tem disfunções
relativas ao córtex pré-frontal, com déficits subsequentes nas "funções
executivas", ou seja, de planejamento, organização e controle dos
impulsos.
Esses pacientes
também têm dificuldades de controlar ou inibir comportamentos inadequados, o
que não ocorre aos outros do seu meio.
Alguns
sintomas para o critério de avaliação:
1)
Desatenção:
Não se atenta para
os detalhes, comete erros por falta de atenção na escola ou no trabalho, pula
letras, vírgulas etc.
Possui dificuldade
de se concentrar em brincadeiras ou atividades, pois se distrai facilmente com
estímulos alheios, como um som, por exemplo. Parece também não escutar, quando
alguém fala.
Sente dificuldades
em organizar e concluir tarefas escolares, domésticas ou profissionais. Não
segue instruções (não por incapacidade ou oposição).
Evita, com
frequência, atividades que exijam esforço mental, concentração, pois não gosta
delas.
Perde objetos como
material escolar, brinquedos, documentos, chaves, celulares; e, no caso de
adultos, esquecem as atividades diárias como pagar contas, tomar medicamento
etc.
2)
Hiperatividade:
Fica mexendo as
mãos ou os pés, ou se remexe na cadeira o tempo todo.
Não consegue ficar
parado na sala de aula ou em outros lugares. Também na igreja não é diferente e
fala demais.
Escala paredes e
corre muito em escadas ou em locais impróprios. Quando adolescentes, tendem a
praticar constantemente esportes radicais.
3)
Impulsividade
Dá respostas apressadas,
antes mesmo das perguntas serem concluídas, e tem dificuldade de aguardar a sua
vez.
Interrompe ou se
intromete em conversa ou assuntos alheios. No caso de crianças, por exemplo,
entram em brincadeiras sem ser convidadas.
Consequências
As consequências
para o portador do TDHA não são boas, tanto para a criança como para
adolescentes e adultos:
- Maior índice de
repetição escolar e expulsão escolar; maior índice de acidentes por conta de
quedas, acidentes domésticos e automobilísticos, porque correm mais riscos.
- Tendem a usar
álcool e drogas duas vezes mais que os não portadores de TDAH, devido à
possibilidade de uma depressão secundária devido às consequências da
vulnerabilidade de humor de sua história de vida, frustrações por não conseguir
concluir muitas de suas atividades e baixa tolerância à frustração. Porém, a falta de
atenção em meninas poderá ficar despercebida, uma vez que, normalmente, ela se
mostra educada e coopera quando requisitada para fazer alguma atividade.
Importância
do diagnóstico
Os profissionais
exercem um papel fundamental no tratamento, pois ajudam no diagnóstico e até no
esclarecimento da doença para o portador e a família para que estes, assim,
adquiram uma melhor qualidade de vida.
Se você desconfiar
que uma criança, um adolescente ou adulto é TDAH, aconselhe-o com carinho e
cuidado a procurar um profissional.
Como a
Escola Dominical e a família podem ajudar?
O portador de TDAH
precisa de um ambiente estruturado, com rotinas claras, sem muitos estímulos,
para que possa finalizar suas tarefas sem ficar disperso.
As atividades
devem feitas em períodos curtos. Exemplo: se tiver duas lições de casa, deverá
fazer uma, dar um período de descanso e depois fazer a outra;
Nunca deve ser
comparado com irmãos, amigos etc, pois
isso só irá prejudicá-lo.
Os
limites precisam ser claros e objetivos.
Quando for falar
com o portador de TDAH, olhe em seus olhos e peça para que ele repita o que
você falou ou solicitou, para confirmar se ele entendeu.
É importante que
alguém responsável acompanhe a criança, apoiando-a na execução de sua tarefa.
Os pais devem ajudar o filho a se organizar com antecedência para as atividades
escolares, banho, alimentação, sono ou até mesmo para saídas para escola, à
igreja etc.
Os pais deverão
falar sobre isso alguns minutos antes, uma vez que o portador de TDAH tende a
se esquecer com facilidade.
Os pais poderão
contribuir colocando lembretes em um painel, na geladeira ou em outro local,
para que o portador de TDAH consiga executar as suas atividades do dia. Assim
como o portador adulto poderá usufruir de agendas, lembretes e smartphones para
não se esquecer de seus compromissos.
As amizades devem
ser estimuladas pelos pais e professores, tanto para os portadores de TDA
Hiperativo como para os Desatentos.
Os exercícios
físicos podem contribuir, tanto para que o TDAH possa descarregar o seu lado
hiper, como também para produzir dopamina (prazer);
As crianças com
TDAH tendem a buscar maior segurança em seus pais, porém se faz necessário que
eles os incentivem a ter independência e a saberem que são capazes de realizar
suas tarefas sozinhas.
Incentive o TDAH
com jogos de raciocínio e de concentração, pois são importantes para que ele
desenvolva as capacidades de concentração e de controlar a impulsividade no
caso de jogos em grupo. Ex.: No caso de quebra cabeça, comece com poucas peças
e aumente o número de peças na medida em que a criança consiga concluir, para
que ela passe a enfrentar os desafios e sentir que é capaz.
Também elogie
sempre uma realização, por menor que seja. Elogios a bons comportamentos servem
de reforço positivo, palavras como "Parabéns",
"Você é
capaz" e "Você vai conseguir" funcionam em todos os aspectos.
Antes de dormir,
converse com seu filho sobre o dia dele, ouça o que ele tem a lhe dizer. Orem
juntos agradecendo a Deus pelo dia e peçam uma boa noite, para que ele possa se
sentir protegido. E um conselho importante: Ame-o incondicionalmente (Pv 18.15).
O prognóstico para
os TDAH tratados é bom. Muitos se tornam profissionais bastante qualificados
com uma vida normal e uma família abençoada. Você, pai, mãe, irmão ou educador,
pode contribuir muito ao incentivar a pessoa com TDAH. Aos pais de filhos TDAH,
leiam Filipenses 4.6. Todos temos a missão de influenciar de forma positiva
aqueles que nos cercam, quer na família, no trabalho ou na igreja.
Autora: Valquíria
Salinas, Ensinador Cristão – N° 58, CPAD/Divulgação: Subsídios ebd