Quais
são as expectativas da igreja em relação às qualidades do professor de Escola
Dominical?
Que
perfil os alunos e irmãos em Cristo anseiam de seu professor da classe de
lições bíblicas?
Que
características são essenciais para a atividade docente na Igreja do Senhor?
Neste artigo,
selecionamos, dentre outras, três qualidades fundamentais para o ministério da
docência cristã, as quais são abordadas na seguinte ordem: a vocação, o amor e
a responsabilidade.
A
primeira qualidade é a vocação.
Esta é a indicação
da chamada para o ensino. Vocação é a chamada do cristão para toda e qualquer
atividade no Reino de Deus. Não se trata de aptidões ou capacitações meramente
humanas. A chamada é algo divino. Deus é quem escolhe e concede o dom para o
que for útil na Sua obra (1 Co 12.7). Cristo ensinou acerca dessa verdade
fundamental quando afirmou em João 15.16: "Vós não me escolhestes... Mas
eu vos escolhi a vós...". O Senhor da Igreja é quem particularmente chama a
cada um dos Seus servos (1 Co 12.11).
Uma
máxima evangélica, que infere-se da epístola de
Paulo à igreja em Tessalônica, afirma que "Quando Deu chama, Ele também
capacita" (1Ts 5.24). Esta capacitação é concedida pelo Espírito Santo e
certamente envolve os "dons espirituais". Portanto, enfatizamos que
não se trata de talento natural, nem mesmo de mérito alcançado por esforço
humano, e sim de capacitações espirituais livremente distribuídas pelo Espírito
(Rm 12; 1Co 12, 13; Gl 5; Ef 4).
Esta
chamada e capacitação acontecem de modo singular de
pessoa para pessoa. Alguns, já no início da caminhada cristã, sentem uma forte
convicção de que Deus os quer trabalhando na área do ensino. O desejo de
conhecer a Palavra, a sede de se aprofundar nos conhecimentos bíblicos e a
inclinação para examinar as Escrituras são indícios da chamada para o ensino.
Outros, na medida
em que se envolvem nas atividades da igreja, vão sendo despertados para o
ministério de ensinar o corpo de Cristo. O avivamento espiritual, o amor pelas
almas e o compromisso com o Reino de Deus são evidências da chamada. Assim, de
um modo ou de outro, o Senhor conduzirá Seus escolhidos para o exercício do
magistério cristão.
Na contramão dos
que são chamados por Deus, existem os escolhidos pela vontade do homem. Neste
caso, por vezes, a chamada acontece apenas pelo grau de parentesco com a
liderança. Outros são indicados por conta da posição social e econômica. E
ainda nesta lista encontram-se os que são selecionados por causa da amizade de
interesses espúrios.
Em ambas as
situações, a igreja é co-responsável pela indicação dos que desempenham a
função de ensinar o povo de Deus. A igreja que desconsidera os padrões bíblicos
no reconhecimento daqueles que são vocacionados comete erro gravíssimo. As
consequências são desastrosas, e em alguns casos até irreparáveis.
A
segunda qualidade é o amor.
Esta é a indicação
do relacionamento com Deus e o próximo. O amor é a base essencial da comunhão
na vida cristã. Sem o amor, não há benefício para o próximo. Sem o amor, não há
resultado para quem exerce o dom de ensinar. O amor forma o alicerce para a
atividade docente.
A expressão no
grego é "agapê" e é usada como uma revelação da própria natureza de
Deus. Este é o amor na sua forma mais elevada e bela. O amor fez Deus entregar
o Seu Filho Jesus Cristo, e o Filho a entregar-se para a salvação do homem
pecador (Jo 3.16; 1Jo 4.11).
Cristo ensinou que
amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos é o resumo de
toda a lei e dos profetas (Mt 22.37-40). No Decálogo, os quatro primeiros
mandamentos requerem amor e comunhão do homem para com Deus: "Não terás
outros deuses diante de mim, não farás para ti imagem de escultura, não tomarás
o nome do Senhor teu Deus em vão e lembra-te do dia de descanso" (Êx
20.2-8). Trata-se de nosso relacionamento na vertical - o homem com Deus.
Os outros seis
mandamentos requerem amor e comunhão para com o próximo: honrar mãe e pai e não
matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho e não
cobiçarás (Êx 20.12-17). Trata-se de nosso relacionamento na horizontal - o
homem com o seu próximo. Na prática da comunhão tanto no relacionamento na
vertical como na horizontal, temos a síntese do Evangelho: o amor a Deus e o
amor ao próximo.
O professor
motivado pelo amor a Deus e ao próximo cumpre seus deveres com deleite. Ele
desempenha suas tarefas com profundo regozijo no coração. O exercício do amor
conduz o professor a preocupar-se com a salvação de seus alunos. O docente
guiado pelo amor reconhece a necessidade que temos uns dos outros.
Aprende a tratar
com ternura e bondade seus alunos e a buscar o sumo bem de todos.
O amor leva o
professor a ter intimidade com Deus e assim a tolerar a má conduta de seus
alunos sem nunca desistir de ensiná-los. Essa virtude direciona o docente para
amar de modo prático os que recebem a instrução. Esse amor é reproduzido por
meio de ações, atitudes e obras que provocam impactos permanentes e positivos na
vida dos aprendizes.
A
terceira qualidade é a responsabilidade.
Esta é a indicação
de comprometimento com o Reino de Deus. Trata-se de dever moral em cumprir
rigorosamente compromisso assumido. É o resultado prático do amor. A convicção
de que os dons não podem ser praticados com negligência ou por motivos
equivocados. Dessa forma, o chamado alcança, diante de Deus, grau elevadíssimo
de comprometimento, onde não há permissão para recuar.
O Senhor Jesus
afirmou: "Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o
Reino de Deus" (Lc 9.62). Quando Timóteo pensou em titubear, Paulo lhe
enviou uma carta com palavras de ânimo e exortação: "Sê o exemplo dos
fiéis na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza" (1Tm
4.12). Igualmente, o professor da Escola Dominical é chamado para ser exemplo
no serviço cristão. Ao receber cargos e incumbências, não pode negligenciar
suas responsabilidades.
O professor
comprometido comparece às reuniões, cumpre as diretrizes e os horários pré-estabelecidos
pela liderança. Ele trabalha com esmero e dedicação. Prepara a lição durante a
semana e não na véspera da aula. Acompanha o rendimento de sua classe, faz
contato com os alunos faltosos, estimula a oração intercessória, a contribuição
e a evangelização.
Quando não pode
comparecer em alguma atividade, comunica com antecedência para que o trabalho
não sofra prejuízo. Quando acontece algo fora de sua alçada não toma decisões
sem antes consultar seus líderes. Quando sua presença é exigida fora da
docência, não hesita em contribuir com os demais departamentos da igreja. Sua
conduta e seu caráter servem de exemplo e são imitados por seus alunos.
Ao finalizar, ratificamos
que estas qualidades são concedidas pelo Espírito Santo. Os desafios e os
conflitos do magistério cristão requerem a certeza de que a vocação, a virtude
do amor e o comprometimento com o ensino, nos foram outorgadas por Deus e não
pelo homem. Sem estas qualidades, não sobreviveremos às agruras do ministério
de docência cristã.