Quais
são os dons de serviço cristão e como se aplica cada um deles no dia a dia da
igreja?
Os dons de serviço cristão se encontram listados em Romanos 12.6-8 e 1Coríntios
12.28. Eles estão relacionados aos crentes de forma pessoal, como indivíduos.
Enquanto os dons de manifestação do Espírito são voltados à edificação da Igreja, considerando os
irmãos como Corpo, os dons de serviço são direcionados ao trabalho,
considerando os irmãos como indivíduos.
Esses dons são da
mesma categoria dos dons espirituais, pois a Bíblia os coloca em conjunto (ICo
12.28). Além disso, o mesmo vocábulo usado no original grego para se referir
aos dons de manifestação do Espírito é utilizado em referência aos de serviço
em Romanos 12.6: "charisma"
- dom da graça (de Deus). Infelizmente, esses dons são pouco estudados nas
igrejas, resultando em grande prejuízo para seus membros.
O dom de ministrar' diz
respeito a prestar serviço material e espiritual sem jamais esperar recompensa,
reconhecimento, retribuição ou remuneração.
Ministério, em Romanos 12.7, é servir. Temos como exemplos na Bíblia o ministério (serviço)
físico e material de Febe (Rm 16.1-2), e o ministério (espiritual) da
reconciliação entre os irmãos (2Co 5.18). Trabalho assistência, mão de obra,
hospedagem, refeição, arrumação, manutenção, limpeza, escolas, asilos e
orfanatos são manifestações desse dom. Muitos irmãos têm este dom para serviços
dessa natureza.
No original grego, serviço é "diakonia", de onde vem a designação diácono. Em outras
palavras, todos os diáconos deviam ter esse dom.
O dom de ensinar (Rm 12.7) refere-se
tanto à teoria como à prática. No original grego, é "didaskalos". É ensinar fazendo, ensinar a entender, treinar
outros; enfim, educar no sentido estrito da palavra. E tornar clara a verdade
através dos processos lógicos. Não devemos, contudo, confundi-lo com o
ministério do ensino, que tem a ver com ministros (At 13.1; Ef4.11).
É importante dizer
aqui que os mestres não devem se julgar superiores. A ordem bíblica é
apóstolos, profetas e mestres (l Co 12.28). O mestre não é o primeiro.
O dom de exortar (Rm 12.8) refere-se a ajudar, amparar, unir pessoas divididas,
além de encorajar espiritual e moralmente, e animar para a Vinda do Senhor.
No original, o termo
usado é "parakaleo", que significa literalmente chamai- ao lado
("para", ao lado; "kaleo", chamar). Um exemplo do exercício
desse dom está na vida de Barnabé (At 4.36 - "parakleesis",
consolação). O Espírito Santo é o nosso "parakletos" -Consolador(Jo 14.16).
O dom de repartir (Rm 12.8) diz
respeito a dar, contribuir, doar, distribuir para os necessitados sem esperar
qualquer recompensa. Mas também é "dar" o Evangelho e dar de si mesmo
(At 2.44,45; 4.34,37; Ef 4.28 e 1Ts 2.8).
No original, o vocábulo é
"metadidomi"
("meta", com; "didomi", dar). O homem que tem esse dom
ocupa-se da benevolência, beneficência, humanitarismo e filantropia.
O dom de presidir (Rm 12.8) alude
a dirigir, organizar, administrar, liderar, governar, orientar com segurança,
firmeza, prudência, conhecimento, sabedoria, discernimento espiritual, tato e
jeito.
E isso para com a
igreja, a congregação, o património, bens, negócios, etc. Para servir dessa
forma nessa área, só mesmo tendo esse dom, pois a tendência normal do homem é
dureza, domínio, força e prepotência.
No original, o termo
usado em Romanos, traduzido como "preside", é "proistêmi".
Tudo indica ser o mesmo dom chamado "governos" em l Coríntios 12.28.
No original, ali, aparece "kubernesís", que significa pilotar,
dirigir, guiar, como se faz com um navio ou com um carro. De "kubernesis"
vem a nossa palavra governo.
O dom de exercitar misericórdia tem
a ver com sofredores, necessitados, fracos, enfermos, presos, visitação e
compaixão. E importar-se com os outros ao ponto de afligir-se com sua situação
e procurar fazer-lhes o bem.
No original, vemos
"eleeo", que é misericórdia. Deve ser, portanto, o mesmo dom de
"socorros", de 1Coríntios 12.28.
Ali, vemos
"antilepsis", cuja tradução original é segurar, no sentido de
aguentar um objeto para ele não cair.
O sentido de
"socorros" envolve urgência. De fato, pois no contexto do assunto
estão os enfermos, presos, abandonados, órfãos, viúvas, famintos, sem roupa,
aflitos e sem amparo.
Por: Pastor
António Gilberto
Fonte:
Jornal Mensageiro da Paz, janeiro de 2011
Divulgação: Site Subsídios ebd