Os capítulos 4 e 5
de Gênesis são narrativas históricas e genealógicas. Moisés, seu autor,
procurou desenvolver a história da humanidade, a partir de Adão e Eva, com uma
descrição didática. Por este motivo, não aparecem todos os filhos do primeiro
casal. São destacados apenas os nomes especiais, entre os quais, registraremos
alguns, ligados às duas linhagens: a de Caim e Sete.
O
PECADO E A MALDIÇÃO DE CAIM
1.O
primeiro crime no mundo (Gn 4.3-8).
Os dois primeiros
versículos deste capítulo trazem a narrativa breve do nascimento dos dois
primeiros filhos de Adão e Eva, os quais se chamaram Caim e Abel.
Caim e Abel
aprenderam, desde cedo, a expiar suas culpas diante de Deus e oferecer ofertas
de gratidão ao Senhor, por estarem vivos (Gn4.3.4).
O
primeiro ofertava o fruto da lavoura do campo, do
qual tirava para a sua subsistência.
O
segundo não deixava por menos, ao apresentar ao Senhor
o primogénito de suas ovelhas. Mas Deus atentou mais para a oferta do mais
novo.
A
primeira vista, parece-nos injusta a atitude
divina, mas o Senhor é quem conhece e perscruta o interior das pessoas que se
chegam a Ele. Abel tinha um coração sincero e voluntário, para servir a Deus,
mas Caim, ao oferecer sua oferta do campo, não tinha uma atitude sincera e
fazia isto, por um ato meramente legalista, isto é, para obedecer aos seus
pais. Encheu-se de ciúme e inveja contra seu irmão, e usou ainda da traição,
para matá-lo sem compaixão. Ele se tornou o primeiro homicida da Terra (Gn4.7).
2.
Uma oferta rejeitada (Gn4.3.5).
Deus rejeitou a
oferta de Caim, porque percebeu que o coração deste filho de Adão não era
verdadeiro e o seu presente tinha mais um caráter material.
Seu culto
tornou-se legalista, cheio de obras mortas; infrutífero, sem valor espiritual.
Enquanto que a oferta de Abel foi aceita, não por ser um produto mais aceitável
que o da lavoura, mas porque o segundo filho de Eva tinha uma atitude
voluntária e gratificante diante do Criador.
Seu coração era
sincero. Seu culto, verdadeiro (Hb 11,4). O que oferecemos ao Senhor, hoje?
Nossas ofertas demonstram a atitude real de nossos corações? (SI 51.17)
3.
Uma maldição inevitável (Gn4.9-12).
O poder do pecado
dominou o coração de Caim, que se tornou maligno. Sob o domínio de um profundo
ódio contra o seu irmão Abel, sem que o mesmo tivesse feito qualquer coisa que
justificasse sua raiva, ele usou de engodo, ao convidá-lo a ir ao campo, para
depois atacá-lo e matá-lo ((Gn 4.8).
O fato de tê-lo
levado, indica que o crime fora premeditado, para escapar dos olhos de seus
pais e, deste modo, evitar testemunhas contra o seu pecado.
Caim procurou
fugir da responsabilidade de seu crime, como muita gente faz hoje, por não
querer assumir seus próprios pecados. No texto de Génesis 4.1 Í,Í2, Deus
expressa a sua rejeição e a inevitável maldição, ao dizer-lhe: "E agora
maldito és desde a terra, que abriu a sua boca para receber das tuas mãos o
sangue de teu irmão".
4.
Caim se casa e constrói uma cidade (Gn 4.17).
Depois da maldição
de Deus sobre Caim, para que fosse um peregrino na Terra (Gn 4.16), ele saiu do
convívio que tinha e procurou isolar-se o quanto pôde. Mas todas as regiões já
eram habitadas pelos filhos e filhas de Adão (Gn 5,4,5). Em seu caminho
errante, ele encontrou uma mulher e casou-se.
Daí a impertinente
pergunta de muitos crentes neófitos: "Com quem casou Caim?
ou: "Quem era
a mulher de Caim?
De onde ela
surgiu?"
Ora, não é preciso
criar uma polémica em torno deste assunto, visto que a resposta é facilmente
encontrada no contexto histórico e genealógico de Caim. Se o texto diz que ele
construiu uma cidade era porque já havia muita gente naquele lugar.
Elienai
Cabral, lições bíblicas de Jovens e adultos, 4° trim. De 1995 – CPAD /
Divulgação: Subsídios ebd.