22/11/2015 - Lição de
Jovens, 4° trim. De 2015
v TEXTO
DO DIA
“Mas
Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os
homens, em todo Lugar, que se arrependam.” (At 17.30)
SÍNTESE
A
fé cristã está fundamentada na revelação de Deus em Cristo, e nisto se
distingue das demais crenças e religiões, embora reconheça o direito de todos
expressarem livremente suas crenças.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA
- Jo 4.1-30 - O relacionamento de Jesus com a religião samaritana
TERÇA
- Lc 9.51-56 - Jesus repreende a intolerância religiosa dos apóstolos
QUARTA
- 1 Co 110-17 - Relacionamento conflituoso entre os domésticos da fé
QUINTA
- At 5.17-42 - A intolerância religiosa dos judeus à fé cristã SEXTA - Gl 16-24
- Pela pureza do Evangelho
SÁBADO
- Mc 16.14-20 - A missão imperativa da Igreja
OBJETIVOS
EXPLICAR
o sentido de religião na esfera secular e bíblica;
COMPREENDER
que as religiões não são iguais no plano bíblico.
DESENVOLVER tolerância,
respeito e civilidade com as demais religiões.
TEXTO BÍBLICO
Atos
17.16,18,22-28
16
E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo,
vendo a cidade tão entregue à idolatria.
18
E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele. Uns diziam: Que
quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos.
Porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição.
22
E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vos
vejo um tanto supersticiosos;
23
porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que
estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais não o
conhecendo é o que eu vos anuncio.
24
O Deus que fez o mundo e tudo que
nele
há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de
homens.
25
Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma
coisa: pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
26
e de um só fez toda a geração dos homens para habitar sobre toda a face da
terra, determinando os tempos já dantes ordenados e os limites da sua
habitação,
27
para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar, ainda
que não está longe de cada um de nós;
28
porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos
poetas disseram: Pois somos também sua geração.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
A
globalização do mundo trouxe à fé cristã imperiosos desafios. Novas culturas
emergiram das regiões mais remotas do planeta e se difundiram nos países de
tradição judaico-cristã. Se a era Moderna foi marcada pela difusão do
Cristianismo no Ocidente, a Pós-Moderna se anuncia como era plural,
caracterizada pela expansão e presença de várias crenças orientais e tradições
religiosas até então ignoradas pelos cidadãos das metrópoles. Na modernidade, a
fé cristã era inquestionável e exclusiva, na pós-mo- dernidade tornou-se mais
uma opção no variado cardápio religioso.
O
Cristianismo, portanto, não é a única religião a disputar pelo interesse e
adesão das pessoas, mas divide o espaço público com outras crenças e saberes
religiosos opostos. Nesta lição, estudaremos o sentido de religião e a forma
de o cristão se relacionar com pessoas de crenças diferentes.
I - RELIGIÃO NO CONTEXTO
MODERNO
1. Sentido secular
de religião? (At 17.16-22).
Religião
não é uma palavra de fácil definição, embora a religiosidade esteja presente
nos espaços públicos e privados por meio dos templos, símbolos, músicas e
costumes sociais (vv.16,22).
Uns
afirmam que ela é fruto da cultura, da autoconsciência do homem, do medo, e há
aqueles que descrevem-na como “ópio" para suportar as angústias da vida e
suspiro da criatura oprimida.
O
sentido positivo de religião designa assim uma atitude de reverência a Deus
manifesta nos ritos, cultos, crenças e doutrinas. A religião é um fenômeno
presente em todas as metrópoles brasileiras assim como fora nos dias de Paulo.
2. Sentido bíblico
de religião.
Todavia,
esses conceitos não expressam o pensamento das Escrituras. A religião não
procede da busca do homem pelo divino, mas da revelação que Deus fez de si mesmo
às suas criaturas (Jo 1.16; 1 Tm 6.15,16). Ela surge por iniciativa do Senhor e
não pela busca do próprio homem (Gn 3.8). É Deus quem se revela ao homem, e não
o homem a Deus (Gn 12.1-3; Êx 3.1-14; Rm 1.19). Foi por meio da revelação
divina ao povo hebreu que o monoteísmo se difundiu e apregoou às religiões
politeístas da Antiguidade a crença no Deus único e verdadeiro.
3. A religião na
sociedade brasileira (Sl 33.12).
O
Brasil assegura o direito à liberdade religiosa a todos os cidadãos e a completa
separação entre o Estado e as instituições religiosas. Deste modo, cada cidadão
pode manifestar sua religião e expressar a sua crença, individual ou
coletivamente, de modo público ou particular, com toda liberdade. Esse
fundamento é estendido a todas as pessoas e religiões em todo território
nacional.
Pense!
A
Revelação é um ato amoroso pelo qual Deus se dá a conhecer
e comunica sua vontade aos homens.
Ponto
Importante
O artigo 18 da Declaração dos
Direitos Humanos garante a liberdade religiosa a todos.
II - FÉ
CRISTÃ NO CONTEXTO DAS RELIGIÕES MUNDIAIS
1.
Todas as religiões são iguais? (At 17.23-29).
O fato de o homem não compreender
adequadamente a revelação de Deus deu origem às muitas religiões (Rm 1.20-23).
Contudo, tais religiões estavam afastadas do propósito divino (At 17.29),
embora aspectos do conhecimento de Deus ainda fossem percebidos nelas (At
17.23, 28; Rm 1.21,22; 2.12-16; Tt 1.12,13).
Do ponto de vista histórico e
social as religiões apresentam muitas semelhanças (templos, ritos, grandes
narrativas) e concordam quanto ao valor da criatura humana, da preservação do
planeta e solidariedade. Sob a perspectiva da verdade bíblica e salvífica, no
entanto, elas são muito distintas e até mesmo contraditórias.
O budismo, por exemplo, possui
templos, ritos e valoriza a vida humana assim como o cristianismo. Todavia,
nele não há o conceito de um Deus pessoal, de pecado e salvação como na fé
cristã. O budismo é muito diferente da fé cristã e os ensinos de ambas
religiões são opostos e se contradizem.
A respeito da distinção entre os
credos das religiões, Gilbert K. Chesterton (1874-1936) com propriedade afirmou
que “os credos que existem para destruírem um ao outro têm escrituras, do mesmo
modo que exércitos que existem para destruírem um ao outro têm canhões".
É claro que aqui, para não nos
determos em mais pormenores, temos um abismo irreconciliável entre mulçumanos e
cristãos ortodoxos a respeito de Deus e de Cristo, embora ambos sejam monoteístas.
É certo que as religiões, como
afirma um dos fundadores da psicologia moderna, William James (1842-1910),
concordam em muitas partes: uma inquietude a respeito de alguma coisa que está
errada conosco e a solução de que podemos ser salvos do erro. Todavia, embora
sejam reconhecidas as semelhanças em sua forma e função, as religiões mundiais
“reivindicam coisas contraditórias sobre a realidade suprema, a libertação
condicional e espiritual do ser humano”. Portanto, as religiões não são iguais,
embora haja "pontos de concordância" (At 17.16-29), e elas não
procedem da revelação de Deus em Cristo, embora algumas tenham-no em grande
consideração.
2.
A fé cristã é superior às outras religiões?
Os cientistas das religiões acusam
a fé cristã de arrogar-se superior as demais crenças e religiões. Afirmam que
os cristãos são exclusivistas e intolerantes.
A razão dessa superioridade reside
no fato de a fé cristã apregoar que Jesus é o único caminho de salvação que
conduz o homem a Deus (Jo 14.6; At 4.12). Por causa desta revelação bíblica
eles recriminam o cristão (1 Pe 2.19-25).
A posição defendida pelo
cristianismo bíblico é chamada de exclusivista e rejeitada por John Harwood
Hick (1922-2012), um filósofo da religião e principal expoente contra a
exclusividade da salvação em Jesus. Para Hick a forma como o cristianismo
apregoa a salvação exclusivamente em Jesus Cristo está equivocada, como também
os teólogos inclusivistas.
A teologia inclusivista afirma que
a salvação acontece em todo o mundo, dentro e fora das religiões mundiais, quer
por meio da fé em Jesus, quer nas religiões independente da fé cristã. Hick,
entretanto, propõe a perspectiva pluralista, que defende a ideia de uma
Realidade Última e inefável que é a fonte de toda salvação e mediante a qual as
tradições religiosas estão alinhadas em contextos de salvação e libertação.
Nesse aspecto, todos os sistemas de crenças e credos são verdadeiros, pois
refletem esta Realidade Última, e assim todas as religiões mundiais são
inspiradas e convertidas em fonte de salvação pela mesma influência transcendente
do Logos. Portanto, segundo Hick, é preciso abandonar o Jesus de Nazaré dos
Evangelhos e aceitar como novo paradigma o Cristo cósmico ou Logos eterno, que
se traduz como o Transcendente, o Divino, o Último ou Real, e que se manifestou
como Cristo para o Cristão, Dharma para os hinduístas e budistas, Allah para os
mulçuma- nos, e assim por diante. Essa posição dificilmente seria sustentada
pelos primeiros teólogos da igreja nascente e, provavelmente, seria condenada
pelos primeiros concílios.
É necessário observar, contudo, que
existe contradição nesse sistema pelo fato de ele não contemplar as diferenças
que existem entre as religiões mundiais. Mesmo religiões monoteístas como o
cristianismo e o islamismo distinguem o único Deus das obras criadas, entretanto,
o islamismo não aceita o testemunho do Novo Testamento de que Deus é mais
completamente revelado em Jesus Cristo, bem como o monoteísmo judaico não
aceita o fato de que o Novo Testamento contém uma maior revelação do Deus
trino. Obviamente que não é difícil para o mulçumano pronunciar a sentença de culpados
de idolatria contra os cristãos quando estes adoram a Deus em três pessoas
consideram a Cristo como a encarnação de Deus.
Todavia, a exclusividade da
salvação em Cristo não significa superioridade e intolerância. Como pode ser
intolerante e orgulhosa a fé no Cristo que a todos acolheu indistintamente (Jo
4.7-9; Mt 15.21-28), e a todos deu exemplo de profunda humildade (Fp 2,5-10; Jo
13.1- 20; 14.28)?
3.
A singularidade da salvação em Cristo.
Jesus é o único mediador entre Deus
e os homens (1 Tm 2.5; Hb 9.11-15). Ele não apenas manifestou a salvação, mas a
realizou na história. A salvação revelada e operada por Jesus é única,
exclusiva e singular. Há salvação fora das instituições religiosas, mas não há
salvação fora de Jesus.
Pense!
Jesus não apenas manifestou a
saivação, mas a realizou na história.
O Ponto
Importante
A mediação salvífica de Jesus
Cristo é específica e única.
III -
RELACIONAMENTO COM PESSOAS DE OUTRAS CRENÇAS
1.
Relacionamento religioso (At 17.17-23).
O diálogo com pessoas de crenças
diferentes está presente em todos os relacionamentos cristãos onde a segunda
pessoa professa um credo distinto ou procede de uma outra religião. Jesus (Jo
4-1-30) e Paulo (At 17) deram profundas lições no que concerne ao diálogo
religioso. Neste diálogo devemos aproveitar a oportunidade para falar da
salvação em Jesus Cristo.
2.
Relacionamento inter-religioso (1 Pe 3.15-18).
O relacionamento do cristão com
pessoas de outras religiões deve ser com todo respeito, mas sincero e firme.
Com sabedoria, exponha a razão de sua esperança. Seu testemunho deve ser tão
eloquente quanto suas palavras.
Pense!
A missão primordial da Igreja é o
anúncio da salvação em Cristo.
Ponto
Importante
O testemunho que Jesus dá de si
mesmo e o seu exemplo evangelizador são paradigmas para o diálogo religioso.
CONCLUSÃO
Vivemos numa sociedade plural onde o
indivíduo tem o direito de expressar sua crença ou mesmo de se pronunciar ateu.
É imperativo que o cristão saiba respeitar as diferenças religiosas sem
negar-se ao mandato cristão de apregoar a salvação em Cristo. Pregue o
Evangelho com firmeza e sabedoria.
HORA DA
REVISÃO
1. Descreva o sentido positivo de
religião.
Atitude de reverência a
Deus manifesta nos ritos, cultos, crenças e doutrinas.
2. Descreva o sentido de religião
na Bíblia.
Ela surge por iniciativa
do Senhor e não pela busca do próprio homem.
3. Todas as religiões são iguais?
Do ponto de vista
histórico e social apresentam muitas semelhanças, mas sob a perspectiva da
verdade bíblica e salvífica são distintas e contraditórias.
4. Por que a fé cristã não é
orgulhosa e intolerante?
Porque não pode ser
intolerante e orgulhosa a fé no Cristo que a todos acolheu indistintamente e a
todos deu exemplo de profunda humildade.
5- Cite exemplos de diálogo
religioso.
Jesus (Jo 4.1-30) e Paulo
(At 17).