Hoje cedo, atendendo
a sugestão do jovem Raliel de Oliveira, um leitor querido meu, resolvi falar
dos Sauros. Trata-se de uma família grande e respeitável. Como não posso
rastrear o paradeiro de toda essa gente, ficarei apenas com o Dino.
É o que me desperta
maior simpatia, apesar de sua aparência nada amistosa. Mas, cá entre nós, não
gostaria de me deparar com ninguém dessa nobre linhagem. Dizem que eles só
predavam os da mesma espécie. Em caso de dúvida, prefiro não arriscar. Além do
mais, não estou certo se eles foram realmente extintos. De vez em quando, um
cineasta imaginoso e fértil de Hollywood resolve alocá-los numa ilha perdida do
Caribe, sempre bem longe da Flórida e quase perto de Barbados.
A estirpe dos Sauros é bastante eclética. Além do Dino, havia o Anquilo, o
Estégo e o Paquicéfalo. Os outros ainda não me foram apresentados. Todos eles,
porém, faziam questão de ostentar o seu glorioso sobrenome grego: “Sauro”. Era
uma espécie de título de nobreza. Deviam ter ainda o seu dístico com uma inscrição
num daqueles grunhidos clássicos da era fanerozóica.
Bem, deixemos de lado a ironia, e passemos à pergunta incomodamente polêmica:
“Os dinossauros realmente existiram?”
Definindo o mito.
Dinossauro - Definições
A palavra “dinossauro” provém de dois vocábulos gregos: deinos, terrível, e
sáurios, lagarto. Segundo a paleozoologia, assim são designados diversos
répteis, que teriam vivido em nosso planeta no período mesozóico. Da existência
desses bichos, porém, quase nenhuma prova possuímos; as que nos chegam são
bastante questionáveis.
Se levarmos em conta as imagens dos livros e as ossadas artisticamente
compostas em alguns museus, concluiremos que o dinossauro, se realmente
existiu, estava longe de ser um réptil. Ao invés de arrastar-se como os outros
sáurios, andava ereto como se fora um bípede. E, em vez de alimentar-se de
comidas rasteiras e chãs, preferia imitar as girafas. Imponente e soberbo,
deliciava-se com as folhagens altas e sempre verdes das copas das árvores. Pelo
menos eram assim os dinos que vi em alguns filmes. Para variar o cardápio,
comiam-se uns aos outros. Mas, teriam os dinossauros realmente existido? O que
a Bíblia diz a respeito?
Os dinossauros em Gênesis
Por mais que eu vasculhe o Gênesis, não consigo encontrá-los em nenhum instante
da criação.
O escritor sagrado
fala dos peixes, aves, animais domésticos e selvagens, mas cala-se acerca
desses répteis. No capítulo três, vemos a serpente velhaca e matreira. Em
seguida, deparamo-nos com as meigas ovelhas de Abel. Depois, pouco a pouco, vão
aparecendo outros animais nas páginas do Pentateuco. Nenhum, porém, que me
lembre o terrível Sauro.
É justamente aí que aparece um hermeneuta cenozóico e me argui: “Os dinossauros
existiram, sim; estão nos dois primeiros versículos de Gênesis”.
Retrocedo no tempo. Sem muito esforço, encontro os tais bichos. Ali estão eles,
num enorme compartimento, amontoados entre as mais absurdas tranqueiras
teológicas. Além dos dinos e sauros, ali jogaram a raça pré-adâmica e os
monstros que destruíram a terra original. Até o homo sapiens, com todas as suas
incongruências, encontro ali. Não sei por que certos intérpretes jogam tudo o
que é irracional e mitológico nessa pequenina passagem do Livro Sagrado.
Os dinossauros em Jó
De vez em quando, surge-me um acadêmico, segurando um enorme léxico hebraico,
buscando convencer-me de que o Leviatã, mencionado pelo Senhor a Jó, era na
verdade o nosso simpático Dino. Além desse Sauro, explica-me o solícito
exegeta, havia também o Beemote. E, pelo que infiro do texto sagrado, ambos
faziam estragos na região de Uz.
Como se vê, as
provações do patriarca não eram pequenas. Não bastassem os três molestos
amigos, havia também esses ruidosos diapsidas.
Leviatã e no Beemote
Tento ver no Leviatã e no Beemote os sáurios que Steven Spilberg animou em
Jurassic Park. Nem cenário deles encontro. Vejo apenas alguns efeitos especiais
saídos de algumas cabeças criativas, cheias de roteiros fantasiosos e
ruinosamente teológicas.
Por que não dizer
simplesmente que o Leviatã era o crocodilo e o Beemote, o hipopótamo?
Ou essa gente também
anda atrás do unicórnio?
Sim, pois Jó também o
menciona. Prefiro acreditar que o unicórnio era o nosso já conhecido
rinoceronte. Mas, caso teimem nessa história, que me expliquem como fica o
dragão que aparece nessa mesma narrativa (Jó 26.13).
Os tradutores da
Bíblia Almeida Revista e Corrigida optaram por um vocábulo mais realista e
razoável: serpente enroscadiça.
Esses acadêmicos conseguem ser mais incômodos e impertinentes do que os amigos
de Jó. Palavrosos e cheios de verbos, transitam por essas besteiras, deixando
de lado a mensagem que nos é repassada na belíssima porção da Palavra de Deus.
Os dinossauros esconderam-se na arca
Dizem alguns teólogos que, por ocasião do dilúvio, vieram os dinossauros
docilmente á arca de Noé. Com a calma que lhe era tão própria, o patriarca
instalou-os num dos pavimentos do grande navio. Ali, sob os seus cuidados,
ficaram até que as águas viessem a baixar. Depois, abertas as portas do grande
navio, saíram os Sauros, a fim de usufruir o novo mundo.
Mas, então, veio a tragédia.
De repente, devido a um desequilíbrio ecológico, começaram a morrer. O
interessante é que só eles não conseguiram resistir ao desastre ainda não agendado.
Quanto aos outros animais, não tiveram qualquer problema.
Até o pobrezinho do
hamster logrou sobreviver, mas o Dino não. Que praga era essa que só atingia os
dinossauros?
Caberiam eles, porém, na arca?
Se os tais bichos
tinham realmente as dimensões que lhes dá a paleozoologia nem nos maiores
petroleiros seria possível acomodá-los.
Vejamos, então, as dimensões de alguns membros da dinastia Sauro
O argentinosaurus
huinculensis podia chegar a 50 metros de comprimento por uns 30 de altura; seu
peso era de aproximadamente 80 toneladas. O paralititan era um pouco menor; não
passava de 30 metros de comprimento, mas nem por isso era mais leve. O
ultrasauros alcançava 17 metros de altura.
O seismosaurus hallorum atingia 56 metros de comprimento. Ora, como esses
bichos couberam na arca? Os mesmos teólogos explicam-me que eles, filhotinhos
ainda, vieram ao patriarca. E, assim, todos puderam ficar ali, contentes,
enquanto a arca subia e descia ao ritmo das ondas diluviais. Mamadeiras e
fraudas não lhes faltavam.
Entretanto, temos aí uma grande contradição. Se os dinossauros foram destruídos
há 65 milhões de anos, como poderiam ainda estar vivos quando do dilúvio? Isto
porque, segundo algumas cronologias, a grande inundação teria ocorrido há seis
ou sete mil anos. E se de fato entraram na arca com Noé, por que Deus permitiu
que, logo após o cataclismo, viessem a desaparecer?
E por que só eles
vieram a sumir do reino animal?
Quem está certo?
Os tais teólogos?
Ou os cientistas que
afirmam que a dinastia dos Sauros foi deposta há mais de 65 milhões de anos?
A prova que o Golfo do México escondeu
O meteoro que teria matado os dinossauros, há 65 milhões de anos, tinha pelo
menos 200 quilômetros de diâmetro. Ao cair na região onde hoje fica o Golfo do
México, produziu uma explosão equivalente a dez bilhões de bombas atômicas
semelhantes àquela que destruiu a cidade japonesa de Hiroxima. Sei que estamos
lidando com medidas astronômicas. Mas, para mim, tais números ultrapassam as
fronteiras do bom-senso.
O que significa a explosão de dez bilhões de
bombas atômicas?
Li certa vez que
semelhante detonação equivale à deflagração de um artefato nuclear a cada
segundo durante um século. Seria isso mesmo? De qualquer maneira, é algo
inimaginável. Toda essa energia seria mais do que suficiente para destruir
todos os planetas do sistema solar. Depois de semelhante desastre, o que
sobraria da Terra?
Seja-me permitido questionar esses dados
Antes de mais nada, quem pode assegurar que a tal explosão ocorreu?
E se de fato
ocorreu, como podemos ter certeza de que foi há 65 milhões de anos?
Se nos é difícil
datar os eventos que se deram antes de Cristo, por que nos atreveríamos a
recuar tão longe no tempo?
Não devemos aceitar
passivamente tais informações, pois nem tudo o que os cientistas dizem é
ciência; eles também especulam. Além disso, há um limite bastante tênue entre
fantasia e teoria.
Em segundo lugar, como ter certeza de que o meteoro tinha realmente o diâmetro
de 200 quilômetros? Quem o mediu?
E como ter certeza
de que ele arremessou-se exatamente contra aquela região?
Aliás, teria existido tal meteoro?
Levemos em conta, agora, a mecânica celeste. Ao criar todas as coisas, Deus
dispôs de tal forma o nosso sistema solar, que a Terra ficou sob a proteção de
Vênus. Não bastasse esse cuidado, o Senhor destinou a lua também com a mesma
finalidade. Logo, a catástrofe seria impossível. Se algo semelhante ocorrer
será no período da grande tribulação. Mas, quando isso acontecer, nenhum
dinossauro haverá de morrer; apenas a antiga serpente e os seus adoradores
perecerão.
O quebra-cabeça das ossadas
E quanto às ossadas dos dinossauros? Você tem certeza de que todos aqueles
esqueletos que vemos nos museus são, de fato, reais? Além disso, até que ponto
um osso pode resistir ao processo de fossilização? Estamos falando de 65 milhões
de anos. Também não sabemos se todos eles pertencem a um mesmo animal. Essas
ossaturas são formadas a partir de inferências e pressupostos. Acha-se, às
vezes, uma mandíbula aqui e mais além, um fêmur. O paleontólogo, então,
induzindo e supondo, compõe o restante do quebra-cabeça, unindo-os e
colando-os. As lacunas, preenche-as com gesso.
Não podemos confiar nesse vale de ossos secos. Você já ouviu falar no Homem de
Piltdown?
O embuste foi
apresentado pelo fossilista inglês Charles Dawson (1864-1916) como o elo
perdido da progênie humana. Segundo alegava Dawson, o fóssil tinha meio milhão
de anos. Depois de algumas pesquisas, descobriu-se que, na verdade, o achado
tinha, se muito, cinquenta anos.
Quem conta a
interessante história é Orlando Boyer (1893-1978) em sua Pequena Enciclopédia
Bíblica:
“O Homem de Piltdown foi
honrado com uma publicidade extraordinária. Das relíquias sem valor de um
embuste, foi reconstruído um ser monstruoso e sub-humano. Gravuras dele
enfeitavam os livros escolares e até mesmo das escolas superiores. O ‘fóssil’
Piltdown foi aceito pelos evolucionistas como autêntico, e ostentado diante dos
que amam a Bíblia. Era a prova final, diziam eles, de que a raça humana
originou-se por evolução. Mas, a história completa do GRANDE EMBUSTE DE
PILTDONW apareceu em Reader’s Digest, em outubro de 1956.
“Um certo Dr. Weiner, de Oxford, notou algumas circunstâncias estranhas acerca
do Homem de Piltdown.
Os dentes desse ser
humano pareciam gastos de uma maneira que não podia acontecer a um macaco.
Podia ser que alguém deliberadamente tivesse tirado uma grande parte dos dentes
com a lima.
Com outro cientista,
o Dr. Weiner foi ao Museu Britânico. E, ali, descobriram, através de um
microscópio, que, de fato, alguém tirara grande parte daqueles dentes com a
lima. Por meio de um Medidor Geiger e outros recursos, não conhecidos no tempo
de Charles Dawson, verificaram que os fósseis datavam de 50 anos em vez de 500
mil, e que eram de um macaco e não de um ser humano! Dawson, o embusteiro,
então morto, colara astutamente o maxilar. Assim os evolucionistas calcularam a
idade de um osso em 500 mil anos, enquanto tinha apenas 50, como podemos
confiar nos seus outros cálculos?”
Há muita falsas conclusões ressurgindo dos sítios arqueológicos. Assim como os
antigos cananeus tinham os seus deuses, assim também o homem moderno. Para mim,
é muito mais lógico acreditar na Bíblia do que nesses embustes que, armados nos
museus, dominam o mundo acadêmico. O Homem de Piltdown é tão fantasioso e
incrível como o dinossauro.
O passarinho e o dinossauro
Apesar de todas essas formidáveis incongruências, os cientistas teimam em
afirmar que 35 por cento dos dinossauros lograram sobreviver. E, assim, os
dinos, cansados de serem sauros, entraram num outro processo evolutivo.
Ganharam asas, alçaram vôos inimagináveis e aprenderam a cantar. Alguns trinam
sinfonias inteiras; outros gorjeiam óperas e chilreiam a marselhesa.
A propósito, você
sabia que a patativa foi outrora um dinossauro?
Sim, e também o
uirapuru.
Ainda bem que, evoluindo, apequenaram-se. Eu não me sentiria nem um pouco
confortável, sabendo que um bicho de 80 toneladas poderia estar voando acima de
minha cabeça. Hoje cedo, ao terminar este artigo, voltei a ver o Dino. Sim, o
Dino, um pintassilgo que, todas as manhãs, me voa bem rente à janela. Resolvi
dar-lhe um nome: Passaurinho. Acho que calha bem.
Sinceramente, como acreditar nessas histórias?