Os Dez Mandamentos são
os preceitos que Deus escreveu em tábuas de pedras e deu ao povo de Israel por
meio de Moisés como parte do concerto que Deus fez com os israelitas. Embora se
trate de um importante código de lei que encabeça todo o sistema mosaico
contido no Pentateuco, o tema é atual. Por isso a Igreja precisa conhecer o seu
valor e significado para os israelitas e entender o pensamento do Novo
Testamento.
Desde as primitivas
civilizações pré-mosaicas todos reconheciam o dever de respeitar a divindade, a
necessidade de honrar os pais, a importância de proteger a vida, a família, a
propriedade e a honra e a postura de rejeitar o falso testemunho. Esses valores
apresentados nos Dez Mandamentos estão valendo ainda hoje, ou seja, são atuais
e de fundamental importância para a vida da sociedade.
A grandeza dos Dez
Mandamentos é que eles são revelação de origem divina e de caráter espiritual.
Deus colocou no coração dos seres humanos a sua lei desde o princípio (Rm
1.19).
A Torá
A lei de Deus ou de
Moisés é todo o sistema legal registrado nos primeiros cinco livros da Bíblia
identificado pelos judeus como Torá, Pentateuco e Chumash. Torá significa basicamente "instrução,
ensino, lei". É a instrução de Deus para guiar o Seu povo
Israel.
O Pentateuco, do grego, "cinco
recipientes", é um termo alternativo para a Torá que contém os cinco
livros de Moisés. O termo que vem dos judeus helenistas de Alexandria desde o
séc. I d.C.. E, Chumash significa "quinto", é uma abreviação das
palavras hebraicaschamishahchumeshey -torah" os cinco quintos da
lei". Esses cinco são os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio.
O principal código do sistema mosaico
Os Dez Mandamentos são
o principal código do sistema mosaico que aparecem duas vezes na Bíblia, apenas
no Pentateuco (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21).
A expressão bíblica
para os "Dez Mandamentos" é literalmente "as dez palavras",
asserethaddevarim, em hebraico, e só aparece três vezes na Bíblia (Êx 34.28; Dt
4.13; 10.4).
A palavra hebraica para
"mandamento" é outra, mitsvah (Êx 24.12).
A
Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento do
séc. III a. C., traduz o termo por dekalogos, "decálogo", que
significa exatamente o mesmo sentido do hebraico "as dez palavras":
1°) Não terás outros
deuses diante de mim;
2°) Não farás para ti
imagem de escultura (...) Não te encurvarás a elas nem as servirás;
3°) Não tomarás o nome
do Senhor, teu Deus, em vão;
4°) Lembra-te do dia de
sábado para o santificar;
5°) Honra a teu pai e a
tua mãe;
6°) Não matarás;
7°) Não adulterarás;
8°) Não furtarás;
9°) Não dirás falso testemunho contra o teu
próximo;
10°) Não cobiçarás. O
termo "palavra", tanto em hebraico davar como também em grego logos,
é de significado amplo e indica também "discurso, pronunciamento,
proposição, sentença".
As nossas versões
traduzem por "mandamentos", exceto a Versão Almeida Atualizada, que
traduz literalmente uma das três passagens em que o termo é usado "e
escreveu nas tábuas as palavras da aliança, as dez palavras" (Êx 34.28).
Os preceitos do
Decálogo que aparecem no Novo Testamento são chamados de
"mandamentos" (Mt 19.17; Ef 6.2).
O Decálogo é a única parte da lei que foi escrita pelo
"dedo de Deus"
O
Decálogo é a única parte da lei que foi escrita pelo
"dedo de Deus" nas duas tábuas de pedras (Êx 31.18). É também a única
porção da legislação mosaica que o povo ouviu diretamente de Deus na
manifestação teofânica do Sinai (Êx 19.24,25; 20.18-20).
Além dessas
características, elas servem como esboço de toda a lei de Moisés. Todavia, isso
não coloca o seu conteúdo numa posição acima da legislação mosaica porque toda
a lei veio de Deus e "Toda a Escritura é inspirada por Deus" (2Tm
3.16 - ARA).
Se os Dez Mandamentos
tivessem o destaque especial que dão os adventistas do sétimo dia, isso estaria
evidente nos ensinos de Jesus e de seus apóstolos, mas o Decálogo não aparece
como tal na sua totalidade nenhuma vez sequer no Novo Testamento. Os
mandamentos que o Senhor Jesus citou para o moço rico (Mt 19.18,19) e os
mencionados pelo apóstolo Paulo (Rm 13.9), além de não serem a totalidade, não
estão na sequência canônica. Na fé cristã, a sua autoridade é a mesma das
demais partes das Sagradas Escrituras.
A
lei cerimonial é a parte da legislação mosaica que
trata das cerimônias de sacrifícios e das festas religiosas, do kashrut, leis
dietéticas, dentre outras, que se cumpriu em Jesus. Os preceitos de caráter
jurídico, como a lei civil também já foram cumpridas, porque não existe mais um
estado teocrático e a Igreja não é um Estado. Muitos identificam o Decálogo
como lei moral sem fazer restrição ao quarto mandamento, que fala do sábado. É
importante que se saiba que o sábado foi dado como uma bênção para os
israelitas e posto como sinal entre Deus e Israel, como memorial da libertação
do Egito (Êx 31.13, 17; Dt 5.15).
Nem a Igreja e nem
nenhuma nação têm compromisso com o sábado legal de Moisés para observar o sétimo
dia da semana (Cl 2.14- 17). Jesus disse que o sábado é um preceito cerimonial
(Mt 12.1-5; Jo 7.21, 22).
A questão é se a moral
cristã deve estar fundamentada nos Dez Mandamentos e qual é o papel desses
preceitos na vida da Igreja. Quando o Novo Testamento afirma que a lei foi
abolida por Cristo, não especifica se é lei moral, cerimonial ou civil. O
apóstolo Paulo inclui a parte do sistema mosaico que foi "gravado com
letras em pedras" (2Co 2.7). Assim, quando se diz que não estamos debaixo
da lei, mas debaixo da graça (Rm 6.14, 15), dizemos que essa lei é a Torá
completa, e não parte dela. Toda a lei resume-se na lei do amor, amor a Deus e
ao próximo (Mt 22.37-40; Rm 13.8-10).
Estar debaixo da graça
significa que fomos libertos da lei para servir e não para pecar, nós somos
servos de Cristo e não da lei, é o Espírito Santo que guia o cristão no dia a
dia (Rm 7.6).
Por: PR. Esequias
Soares – Ensinador C. N° 61