Infelizmente,
aumenta a cada dia o número de divórcios entre os cristãos. Apesar de
biblicamente permitido em circunstâncias específicas, traz irreparáveis
consequências tanto para os cônjuges quanto para os filhos. Vejamos qual o
ponto de vista bíblico para esta questão tão grave.
I.
CASAMENTO, UMA INSTITUIÇÃO DIVINA
1. Definição.
O
casamento é a união legítima entre um homem e uma mulher. No sentido bíblico, o
casamento ideal faz parte do plano de Deus para a vida dos cônjuges, indo além
da procriação e dos costumes sociais.
Deus
estabeleceu o casamento na primeira família da terra. Ele o instituiu logo no
início, no Jardim do Éden, antes da queda do homem (Gn 1.27,28; Mt 19.4,5).
Portanto, o casamento é uma instituição divinamente ordenada; é uma união que
somente pode ser dissolvida pela morte de um dos cônjuges.
O
matrimônio é uma união tanto física quanto espiritual (Mt 19.6); o Estado
apenas reconhece como legítimo algo que Deus instituiu desde o começo.
3. Importância
espiritual.
Tanto
no judaísmo quanto no cristianismo o casamento é visto como algo que fortalece
a comunidade, ajudando as pessoas a cumprirem os ditames sagrados.
A
família, por conseguinte, é o meio pelo qual os princípios da fé em Deus são
fortalecidos. Qualquer abalo em sua estrutura prejudica claramente o propósito
divino, desestruturando consequentemente toda a comunidade.
O
casamento no Novo Testamento não aparece como algo meramente secular. É também
uma união espiritual. Deve fazer parte da dinâmica da vida cristã (por isso a
proibição bíblica quanto a casamentos mistos). Propósitos espirituais estão
envolvidos no casamento, incluindo o serviço cristão, a adoração e o
desenvolvimento espiritual.
O
casamento produz filhos que serão (ou deveriam ser) criados para servirem a
Deus, glorificando-o em tudo. É o início de um lar que propiciará o ambiente
ideal de crescimento espiritual para as crianças.
4. Felicidade
conjugal.
Essa
felicidade, tão almejada, é o resultado da harmonia espiritual, amorosa, física
e emocional entre os cônjuges. Ela não é conseguida através de teorias ou do
esforço intelectual de ambos. Sendo também o casamento uma união de espíritos,
o jugo desigual com os incrédulos deve ser completamente descartado.
Quem
melhor do que o próprio Deus, que o constituiu, para ensinar o caminho da
felicidade conjugal? Paulo afirma que Ele nos abençoou com todas as bênçãos (Ef
1.3), inclusive a habilidade para fazer do casamento um sucesso. A presença
divina no casamento é garantia de alegria duradoura (Jo 2.1-11).
II.
DIVÓRCIO À LUZ DA BÍBLIA
O
divórcio é também um problema espiritual que está relacionado às consequências da
queda do homem — o pecado e o endurecimento dos corações.
1. A causa do
divórcio.
Jesus
é enfático ao dizer que o divórcio foi permitido (e não instituído) por Moisés
devido à dureza do coração dos homens e de sua obstinação.
O
divórcio tornou-se uma das maiores manifestações da condição pecaminosa do
homem. Assim, faz-se necessário reconhecer os primeiros sinais deste sintoma
fatal.
Quando
se permite que a vontade humana prevaleça sobre a de Deus, a semente da
obstinação floresce e gera rebelião espiritual, que leva ao endurecimento do
coração, provocando morte espiritual e conjugal.
2. Como prevenir.
Assim
que se percebe que a relação conjugal está sofrendo algum tipo de desgaste, é
obrigação dos cônjuges atentar para, pelo menos, três pontos fundamentais da
convivência sadia, rogando a ajuda do Espírito a fim de pô-los em prática.
a) Comunicação.
Comunicação é a transferência de informação de
uma pessoa para outra. Pode ser verbal (palavra oral ou escrita) e não verbal
(todas as formas de expressões e atitudes capazes de traduzir sentimentos e
emoções). Desta forma, devem os cônjuges nutrir suas aspirações e se ajudarem
mutuamente.
b) Unidade de
propósitos.
O
casal deve atentar para os mesmos valores espirituais, orando sempre, para que
o casamento supere todos os obstáculos. Observe: ambos precisam querer a mesma
coisa (Mt 18.19) e estar interessados na estabilidade do casamento.
c) Humildade.
É
imprescindível que os cônjuges tenham disposição para refletir sobre seus
equívocos comportamentais, e recuarem quando necessário. Por sua vez, deve o
outro cônjuge conduzir-se sabiamente de maneira a perdoar e não aviltar a
dignidade do que se humilha.
3. Quando o
divórcio é permitido.
De
uma forma geral, ao crente não é permitido divorciar e casar-se outra vez. Deus
forneceu diretrizes para o casamento e sua estabilidade, e não para o divórcio.
“Embora
o divórcio seja uma tragédia, a infidelidade conjugal é um pecado tão cruel
contra o cônjuge inocente, que este tem o justo direito de pôr termo ao
casamento mediante divórcio. Neste caso, ele ou ela está livre para casar-se de
novo com um crente” (Mt 19.9 — Bíblia de Estudo Pentecostal).
Não
devemos, porém, descartar a possibilidade do perdão por parte do ofendido. Se a
parte ofensora demonstrar arrependimento, que a parte ofendida busque em Deus a
força necessária para perdoar e recuperar o cônjuge faltoso.
Paulo
acrescenta outra exceção: quando um cônjuge incrédulo deseja separar-se do
cônjuge crente. Neste caso, o crente fica livre de suas obrigações conjugais,
podendo casar-se novamente, desde que com outro crente (1Co 7.15). Mas o
cônjuge crente, deve fazer de tudo para ganhar o descrente para Jesus, conforme
a recomendação de Pedro (1Pe 3.1-6).
III.
DESASTROSAS CONSEQUÊNCIAS
1. Altos riscos de
problemas psiquiátricos e doenças físicas.
O
Dr. David Larson, psiquiatra e pesquisador americano, chegou a algumas
conclusões sobre as consequências do divórcio:
a)
Os indivíduos divorciados acham-se mais vulneráveis ao câncer do que as pessoas
bem casadas.
b)
As taxas de morte prematura são significativamente mais altas entre homens e
mulheres divorciados.
Os
médicos acreditam que isto se deve ao trauma emocional que estressa o corpo, e
reduz o sistema de defesa imunológica do organismo.
2. Os filhos.
O
desenvolvimento emocional dos filhos está diretamente ligado à interação
contínua, cuidadosa e sustentadora entre ambos os pais.
Estudos
revelam que 90% dos filhos de pais divorciados são vítimas de um sentimento
agudo de choque quando a separação ocorre, incluindo profunda mágoa e temores
irracionais.
Neste
particular, o maior problema do divórcio é o sentimento de rejeição dos filhos
e a dificuldade que têm de se sentirem amados. Decorrem destes sentimentos
delinquências, dependência de drogas, suicídios, agressividade, depressão etc.
CONCLUSÃO
Considerando
todas as questões discutidas, não espere um colapso conjugal para então buscar
solução no divórcio; renove, melhore e recicle seu relacionamento conjugal e
fuja de todas as possibilidades que desemboquem numa catástrofe desta natureza.
O ideal, portanto, é que os cônjuges permaneçam unidos até que a morte os
separe.
VOCABULÁRIO
Aspiração:
Desejo intenso de alcançar um objetivo, um alvo, um fim.
Aviltar:
Desonrar, humilhar, rebaixar.
Catástrofe:
Acontecimento súbito de consequências trágicas e calamitosas.
Colapso:
Alteração brusca e danosa; situação anormal e grave; crise.
Desembocar:
Resultar em, tornar-se em.
Ditame:
Regra, aviso, ordem, doutrina.
Equívoco:
Erro, engano.
Imunológico:
Relativo aos mecanismos pelos quais o organismo é capaz de reconhecer e
eliminar as substâncias estranhas à sua composição.
Obstinação:
Pertinácia, persistência, tenacidade, perseverança; teimosia.
Psiquiátrico:
Relativo à parte da medicina que trata do estudo e tratamento das doenças
mentais.
Fonte: Lições Bíblicas
de Jovens e Adultos, CPAD
2º Trimestre de 2004
Título: Família Cristã
— Eu e a minha casa serviremos ao Senhor
Comentarista: Eliezer
de Lira e Silva