Introdução
Segundo o pastor
Marcos Tuler (2006), para ensinar adolescentes não é suficiente só o preparo
técnico-didático e a vocação natural para o magistério. O mestre deve ter plena
convicção de seu chamado.
Eles são alunos
especiais e, por isso, o trabalho exigirá dedicação, criatividade, dinamismo e
um detalhado plano de ação. O professor de adolescentes é privilegiado por
Deus, pois pode ser um instrumento de bênção para ajudá-los a superar esta fase
de conflito.
É importante que o
professor tenha um conhecimento básico do que é a adolescência, pois somente
assim poderá atender às suas necessidades e fazer com que Cristo esteja no
controle da vida de seus alunos. Ele deve fazer uma sondagem, coletar dados significativos,
conhecer a realidade e, só então, elaborar uma eficiente estratégia de
trabalho.
O cristão é um ser
ativo e como tal procura mudanças e não tem medo das mesmas, mas procura sempre
uma mudança para melhor, objetivando sempre o crescimento da obra de Deus e o
fortalecimento da fé dos alunos. Para isso, são necessários preparação e
persistência.
I.
Identificando meu público
A adolescência é
uma fase transitória entre a infância e a juventude, que varia entre 12 e 21
anos, podendo estender-se aos 25 ou mais. A formação da identidade nesta fase
realiza-se a partir das identificações anteriores, que se integram a outras.
As identificações
com os pais mantêm seu significado, embora sejam acrescentadas a elas
identificações com figuras ideais com amigos e companheiros e até mesmo com
inimigos.
Adolescência inicial - Também chamada
"baixa adolescência", inclui a puberdade. Nas mulheres, ocorre entre
os 11 e os 12 anos. Nos meninos, entre os 12 e os 13 anos.
A mudança do
tamanho e da forma do corpo faz aumentar a necessidade de se transformar em
adulto e as cobranças para fazê-lo. Há uma reestruturação do esquema corporal e
a conquista da identidade. A família continua a ser o centro da vida do
adolescente, embora ele comece a desprender-se dela.
Adolescência propriamente dita ou média - Compreende o período entre os 12 - 13 e os 16
anos.
Nesse período,
ocorre um distanciamento afetivo da família, que vai deixando de ser o centro
da existência da pessoa.
Nas tentativas de
se tornar independente dos pais são frequentes os atos de rebeldia contra eles
e contra a autoridade em geral. Por outro lado, o jovem se liga aos grupos -
ideologia dos grupos.
Adolescência final ou alta adolescência -
O final do período adolescente é difícil de ser situado no tempo. Varia de
acordo com critérios que se adotam como mais importantes, como inserção no
mundo do trabalho, a responsabilidade legal, a separação dos pais e a
capacitação profissional.
No campo espiritual, segundo Tuler, a maioria dos adolescentes
se converte a Cristo antes dos 17 anos, e mostra- -se bastante interessado nas
coisas espirituais. Indagam tudo a respeito da Bíblia, mas com um interesse
real.
II.
Características da adolescência
A tese de Knobel,
citada por Gri- ffa (2001), sobre a síndrome normal da adolescência defende que
os adolescentes atravessam normalmente desequilíbrios e instabilidades externos
que os obrigam a recorrer ao uso de defesas e comportamentos também externos,
cujos sintomas são procura de si mesmo, grupo, fantasias e intelectualização,
crise religiosa, desorientação temporal, atitudes sociais reivindicatórias,
rebeldia, flutuação do humor e estado de ânimo e identificação.
É fundamental o
líder levar os adolescentes a entenderem que estão atravessando um período de
grandes mudanças em suas vidas. Eles precisam manter-se firmes nos valores
espirituais que aprenderam, exercitarem a paciência com eles mesmos e com os
outros e reconhecerem que o aumento da autoridade sobre sua própria vida traz
também a responsabilidade de honrarem seus compromissos e fazerem as escolhas
certas.
O professor também
precisa ser flexível e deve pedir a Deus para produzir o fruto do Espírito,
principalmente a mansidão e o domínio próprio.
III.
O professor de adolescentes
Ser professor
cristão é diferente de ocupar apenas um cargo. Envolve chamada específica e
capacitação divina, além de muito esforço, dedicação e, principalmente, amor
pelo trabalho. Para isso, é necessário que o mesmo seja flexível, que é a
aptidão e a maleabilidade do espírito para se dedicar a vários estudos ou
trabalhos; a aptidão para variadas coisas ou aplicações; suavidade, brandura,
docilidade e complacência.
Criativo é a
capacidade criadora, aptidão para formular ideias criadoras, originalidade. Por
fim, que
seja didático, que é a arte de ensinar e de fazer aprender; é um conjunto de
preceitos que têm por fim tornar o ensino prático e eficiente; é a ciência
auxiliar da Pedagogia que promove os métodos mais adequados para a
aprendizagem.
Também é
fundamental o professor saber que cada ser humano tem um jeito próprio para
aprender, e que existem os estilos de aprendizagem, ou seja, a modalidade que
uma pessoa utiliza para adquirir o conhecimento. Cada indivíduo aprende do seu
modo pessoal e único.
Um Estilo de
Aprendizagem não é o que uma pessoa aprende e sim o modo como ela se comporta
durante o aprendizado. Nestes estilos, podemos encontrar o estilo físico, onde
o atendente usa muito a expressão corporal; o interpessoal, onde o aluno
promove a troca de informações entre duas ou mais pessoas; o intrapessoal,
quando o aluno se comunica consigo mesmo, fica mais introspectivo; o linguístico,
em que ele se expressa melhor com palavras; o musical, onde ele se interessa
mais por sons e músicas; e, por fim, o visual, onde o aluno explora mais o
aspecto visual das coisas.
Portanto, cada um
tem um jeito singular para aprender, e o adolescente não é diferente: cabe ao
professor valorizar essas peculiaridades.
Conclusão
Segundo Carvalho
(2007), não se pode pensar em educação, tendo apenas o mobiliário e a figura do
professor à frente expondo suas ideias. Pois educar não é somente professar,
instruir, ensinar. Esta nobre tarefa vai além das raias da informação ou
simples instrução.
Educar tem a ver
com transmissão, assimilação de valores culturais, sociais e espirituais. Quem
exerce apenas tecnicamente a função de ensinar não tem consciência de sua
missão educativa, formadora de pessoas e de "mundos".
O bom ensino vem
de um bom aprendizado. Somente assim poderemos envolver os adolescentes na obra
de Deus e fazer com que, mesmo enfrentando grandes desafios, eles permaneçam
fieis. Podemos ser sábios, se dermos ouvidos à Palavra de Deus; ou tolos e
fracassados, se nos recusarmos a aprender.
Portanto,
lembre-se: quando Gideão começou sua carreira, era um tanto covarde (Jz, 6),
mas ele se tornou um conquistador, e sua história serve de grande ânimo para os
que têm dificuldade em aceitar a si mesmos e em crer que Deus pode fazer deles
aquilo que desejar, ou usá-los para aquilo que quiser.